DIFERENTES SOMOS TODOS NÓS – DIFERENTES PENSAMOS TODOS NÓS!

 
Como assim? Diferentes somos todos nós? Diferentes pensamos todos nós?

Mas é exatamente assim que somos. Eu não sou igual a você e você não é igual a mim. Penso diferente de você e você pensa diferente de mim.

Porém, isso não me faz nem melhor nem pior que você. Também não faz você nem melhor nem pior do que eu.

Um pensamento tão simples e tão óbvio, mas tão esquecido. Principalmente quando, com a minha arrogância e intolerância, pretendo impor à você a minha verdade e o meu pensamento e, em nome da minha liberdade de pensamento, tiro de você a sua liberdade de pensamento - lhe acusando de arrogante, preconceituoso, intolerante ou de ser um ser não evoluído, por não aceitar o meu pensamento e as minhas crenças como o melhor para todos.
Fala-se em liberdade de expressão mas vivemos em uma lei do silêncio, imposta por uma ditadura disfarçada, onde não se pode mais emitir nenhuma opinião, que seja na esfera da política; na esfera dos valores morais ou éticos; na esfera sexual e até na esfera familiar e religiosa.
Fala-se tanto em tolerância, mas nunca tivemos tanta intolerância quanto nos dias atuais, quando ninguém tem mais o direito de ter opinião formada sobre nada. Cada um tem certeza que a sua maneira de enxergar o mundo é a mais correta e os que têm opiniões diferentes são intolerantes, porque não concordam com a sua opinião.
A palavra de ordem da atualidade é a “DESCONSTRUÇÃO”. Desconstrução de valores, de crenças, de costumes, etc. Como se tudo o que a sociedade tivesse construído até hoje já não valesse mais e tudo tivesse que ser modificado, e o pior, não considerando a liberdade de escolha de todos, mas de grupos e tribos.
Respeito é o que mais se cobra e que está na boca de todos os que vêm na desconstrução e nas mudanças de valores, costumes e crenças o caminho para a construção da igualdade. Só que, salvo raras exceções, esse respeito só existe na primeira pessoa – ou seja – o mesmo que cobra o respeito à sua opinião, não considera que o outro também deveria ter o mesmo respeito para a sua própria opinião.
É bom lembrar que liberdade sem limite não é liberdade, é tirania. E que o limite da liberdade precisa ser a liberdade do outro. Inclusive a liberdade de crença religiosa e da forma como a expressa. Ninguém tem o direito de atentar contra a liberdade do outro, assim também como ninguém deveria ter o direito de atentar contra a crença ou a forma de ser do outro, muito menos de cometer violência contra a fé do outro.

Ouvimos com bastante frequência as frases, “eu exijo respeito”, “eu mereço respeito”, “eu tenho direito de ter a minha opinião respeitada”, entre tantas outras inúmeras reivindicações. Podemos observar claramente que em todas essas frases, como em todas as outras que são utilizadas com o mesmo objetivo, sempre a palavra “eu” aparece como o legítimo detentor do respeito ao qual tem direito, em detrimento do “outro”, que também como esse “eu”, tem os seus direitos que deveriam ser respeitados e em detrimento do pensamento coletivo, que é a verdadeira expressão da opinião da sociedade.

Muitas vezes, com o discurso de estarmos exigindo do OUTRO o RESPEITO à nossa opinião, crença ou estilo de vida, somos capazes de atos que agridem a opinião, a crença e o estilo de vida do OUTRO, esquecidos que o RESPEITO não é algo que se impõe e exige, mas que se conquista. Esquecemos também que, talvez, sejamos o mais intolerante quando queremos impor a nossa verdade ao OUTRO, em detrimento da verdade do OUTRO. Talvez, sejamos mais radicais e intransigentes do que o OUTRO, quando, em nome da nossa verdade, negamos a liberdade do OUTRO de ter a sua verdade.
Também somos intolerantes com o outro quando queremos impor sobre o outro a nossa forma de enxergar o mundo e quando não aceitamos desse outro o direito de ter a sua própria forma de enxergar o mundo.

Talvez, um dos poucos caminhos que podem ser buscados, para realmente encontrar uma forma saudável de convivência, não apenas entre os povos e culturas diversas, mas também com todas as pessoas que cruzam o nosso caminho, seja praticar o RESPEITO ao OUTRO.
Um abraço a até a próxima publicação.
Gilson Tavares
Psicanalista Clínico e Organizacional
Consultor em Gestão Comportamental
 


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