Inteligência Emocional em Tempos de Crise – Parte 1

 

Nos dias atuais, falar em crise, nos remete imediatamente à Pandemia provocada pelo PCoronavírus. porém, podemos perceber facilmente que estamos vivenciando diversas crises ao mesmo tempo, além da ameaça de um vírus.

Por exemplo, podemos perceber:

Uma crise social, com diversas consequências como a desigualdade, o preconceito racial, o preconceito de cor, o crescente desemprego, o desmonte do papel social do Estado, entre tantas outras;

Uma crise econômica, tendo o crescente desemprego como carro chefe, a ameaça de inflação, a ameaça de desabastecimento, a desvalorização da moeda, entre outras;

Uma crise política que, por conta de ideologias e de interesses pessoas e grupais, ameaçam até a estabilidade do país;

Uma crise de ética e de valores, quando vemos uma multidão de pessoas que, novamente por ideologias relativizam até a honestidade, a integridade, o cuidado com o bem público e até a vida, quando colocam em risco a própria vida e a vida de outros insistindo, em plena pandemia, em não fazer uso do mínimo necessário para fazer a prevenção do contágio e transmissão do vírus;

Uma crise de civilidade, onde vemos no nosso cotidiano que as pessoas não respeitam mais o espaço nem o direito do outro, com atitudes de absurda falta de educação e até de desprezo pela vida – com carrinhos de supermercado espalhados pelo estacionamento, pessoas deixando outras esperando em filas de caixa, porque esqueceram de pegar mais um produto, pessoas furando filas de banco, motoristas irresponsáveis, colocando as suas vidas e a de outros em grande perigo, com manobras e ultrapassagens que podemos classificar de criminosas, etc.;

Uma crise de cidadania, quando vemos tantos “cidadãos” que são profundos conhecedores de seus tantos direitos, mas que não conhecem nada a respeito de seus deveres nem dos direitos do outro;

Uma crise de crenças, não apenas no sentido religioso, quando vemos tantos que consideram que qualquer outro que não tenha a mesma crença que a sua é no mínimo uma pessoa indigna de respeito, mas também quando vemos a dificuldade em respeitar a opinião do outro, o ponto de vista do outro, o jeito de viver do outro, onde vemos tantos casos até de agressão física, pelo desejo de querer impor ao outro o seu jeito de pensar;

Uma crise de propósito, quando vemos tantos que vivem se ter nenhum propósito para as suas vidas, que seja pela falta de oportunidades, que seja pela falta de esperança, que seja pela falta do mínimo em educação ou de conhecimento ou que seja pelo desprezo à própria vida e ao mundo ao seu redor.

Essas são apenas algumas das crises que nos atormentam nos dias atuais. E como podemos e devemos usar a Inteligência Emocional para nos ajudar a enfrentar essas crises sem perder o equilíbrio?

Primeiro precisamos saber que toda crise aponta uma situação de mudança, que exige da pessoa um esforço para manter o equilíbrio emocional. Depois, é necessário saber que as atitudes e os comportamentos da pessoa podem contribuir para o agravamento ou para a superação da crise.

Uma crise pode evoluir negativamente, quando a intensidade do estresse vivenciado ultrapassa a capacidade de adaptação e de reação da pessoa. Nesse caso, as principais são: O Negacionismo, negando a existência ou minimizando as consequências da crise; A Histeria, agindo de forma histérica, sem análise ou planejamento das ações; O Saudosismo, quando, em vez de agir, fica apenas focando nos tempos em que não existiam a crise e fica lamentando o surgimento de crise, sem buscar soluções para a mesma.

Mas uma crise também pode evoluir positivamente, quando vista como uma ocasião de crescimento. Levando à criação de novas atitudes, novos comportamentos, novos conhecimentos, novos equilíbrios. Nesse caso, torna-se necessário partir para a ação, quebrar paradigmas, sair da zona de conforto, agir com atitude de desafio e prudência, ver a crise como oportunidade de aprendizado e de crescimento, construir equilíbrio emocional.

Um abraço e até a próxima publicação, quando vamos continuar falando sobre esse assunto.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Consultor em Gestão Comportamental

 


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