Segundo Maslow, psicólogo
americano do início do século 20, as razões que influenciam o comportamento
humano estão relacionadas as suas próprias necessidades. E os motivos que levam as
pessoas a agirem estão dentro delas mesmas.
A teoria das necessidades
humanas, criada por Maslow, foi estabelecida através de uma hierarquia numa
pirâmide. A base da pirâmide contêm as necessidades primárias (fisiológicas e
de segurança) e no topo as necessidades secundárias (sociais, estima e
auto-realização).
Para a sociologia, a
primeira exigência da civilização é a da justiça, a necessidade de leis que
possam garantir a igualdade de direitos para todos, e que essas leis não sejam
violadas em favor de um indivíduo ou de um grupo.
O que está acontecendo
com o povo brasileiro, que da passividade passou à, direta ou indiretamente, se
manifestar em protestos de ruas, demonstrando sua insatisfação com a situação
do País? Não somos a sexta economia mundial? Não temos acompanhado melhorias
visíveis na renda e qualidade de vida de grande parte da população? Não temos
sido considerados por povos de diversas nacionalidades como um País acolhedor e
próspero? Então. O que está acontecendo para tanto descontentamento?
Olhando para a teoria
das necessidades humanas, citada acima, vemos que temos motivos para nos
sentirmos realizados em algumas das necessidades secundárias: como estima
elevada e orgulho por pertencer à essa grande nação, principalmente no atua
momento, quando sediamos um torneio internacional de futebol e nos preparamos
para sediar a copa do mundo.
Mas, e as necessidades
primárias como: saúde, educação, moradia, segurança, entre outras... como
estão?
Voltando à sociologia –
A condição social do ser humano necessita da formulação de princípios e padrões
de conduta como elementos norteadores da convivência social, pautados em valores
éticos que sustentem as relações sociais, com atitudes de respeito, de
solidariedade, de tolerância, de justiça e de igualdade.
Como fator agravante
desse contexto, vemos constituído, se não oficialmente mas culturalmente, a
corrupção e falta de ética daqueles que foram escolhidos pelo próprio povo para
representá-lo, principalmente na busca de formas de suprir as necessidades do
povo e no cumprimento e exigência de cumprimento das Leis que regem esse povo,
no sentido de promover a igualdade e coibir o uso da Lei em favor de um
indivíduo ou de um grupo.
Para
Durkheim, um dos maiores pensadores da sociologia, o homem é humano porque vive
em sociedade e, para adquirir essa humanidade, é indispensável superar-se,
dominar as próprias paixões, considerar outros interesses que não os próprios.
A
substituição do poder do indivíduo pelo poder de uma comunidade constitui um
passo decisivo da civilização. Sua essência reside no fato de os membros da
comunidade se restringirem em suas possibilidades, permitindo e esperando que
as instituições criadas por essa comunidade sejam capazes de conter aqueles que
desrespeitam as Leis estabelecidas e que sejam capazes de instaurar a justiça.
Quando isso não acontece, estabelece-se a impunidade, levando a comunidade à um
sentimento de desesperança, impotência e indignação.
Como
nenhuma situação dura para sempre, chega um momento em que uma pequena faísca
pode ser suficiente para fazer estourar todo o barril de descontentamento e
insatisfação, levando essa comunidade a reagir.
Segundo
Sigmund Freud, no texto Psicologia das massas e análise do eu, quando em grupo,
o indivíduo abandona o seu ideal de ego, passando a agir de acordo com a mente
grupal, pautando as suas ações em concordância com o pensamento do grupo, mesmo
que em detrimento de seus próprios interesses, podendo chegar até mesmo a
assumir comportamentos violentos.
Para
Claudio Oliveira, professor do Departamento de Filosofia da Universidade
Federal Fluminense (UFF), em situações de massas, os indivíduos acabam por
tomar atitudes que não teriam se estivessem sozinhos ou em pequenos grupos. E,
segundo ele, questões sociais podem fazer com que determinadas pessoas acabem
por encontrar nas atitudes violentas um recurso para expressar sua
insatisfação.
Percebemos
então que o principal grito das ruas é o grito da cidadania – o que merece uma
pequena reflexão: o que é ter cidadania?
Ser
cidadão é ter direitos: direito á vida, á igualdade, à propriedade, como também
direitos políticos e direito de participar dos destinos da sociedade.
Mas
ser cidadão é também ter deveres. E, se pedimos mudanças, estamos também nós
dispostos a mudarmos?
Segundo
Leonardo Boff, uma ética não emerge se não houver previamente um ambiente que
permita a sua formulação. Afinal, o político sai do povo e, para esse político
ter ética nas suas ações, é necessário que esse povo também tenha essa ética.
Portanto,
percebemos que não haverá ética na política, se todos e cada um não cuidarem
para que isso aconteça; se cada um não expressar essa ética também nas suas
ações do dia-a-dia.
Se
estamos cansados de sermos o País da impunidade, da corrupção e do jeitinho
brasileiro, precisamos começar essa mudança em nós mesmos, fazendo a diferença
com as nossas ações.
E
você, como tem sido ou como pretende ser um agente de mudanças?
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