Como
assim? Diferentes somos todos nós? Diferentes pensamos todos nós?
Mas
é exatamente assim que somos. Eu não sou igual a você e você não é igual a mim.
Penso diferente de você e você pensa diferente de mim.
Porém,
isso não me faz nem melhor nem pior que você. Também não faz você nem melhor
nem pior do que eu.
Um
pensamento tão simples e tão óbvio, mas tão esquecido. Principalmente quando,
com a minha arrogância e intolerância, pretendo impor à você a minha verdade e
o meu pensamento e, em nome da minha liberdade de pensamento, tiro de você a
sua liberdade de pensamento - lhe acusando de arrogante, preconceituoso,
intolerante ou de ser um ser não evoluído, por não aceitar o meu pensamento e
as minhas crenças como o melhor para todos.
Fala-se em liberdade de
expressão mas vivemos em uma lei do silêncio, imposta por uma ditadura
disfarçada, onde não se pode mais emitir nenhuma opinião, que seja na esfera da
política; na esfera dos valores morais ou éticos; na esfera sexual e até na
esfera familiar e religiosa.
Fala-se tanto em
tolerância, mas nunca tivemos tanta intolerância quanto nos dias atuais, quando
ninguém tem mais o direito de ter opinião formada sobre nada. Cada um tem
certeza que a sua maneira de enxergar o mundo é a mais correta e os que têm
opiniões diferentes são intolerantes, porque não concordam com a sua opinião.
A palavra de ordem da
atualidade é a “DESCONSTRUÇÃO”. Desconstrução de valores, de crenças, de
costumes, etc. Como se tudo o que a sociedade tivesse construído até hoje já
não valesse mais e tudo tivesse que ser modificado, e o pior, não considerando
a liberdade de escolha de todos, mas de grupos e tribos.
Respeito é o que mais se
cobra e que está na boca de todos os que vêm na desconstrução e nas mudanças de
valores, costumes e crenças o caminho para a construção da igualdade. Só que,
salvo raras exceções, esse respeito só existe na primeira pessoa – ou seja – o
mesmo que cobra o respeito à sua opinião, não considera que o outro também
deveria ter o mesmo respeito para a sua própria opinião.
É bom lembrar que
liberdade sem limite não é liberdade, é tirania. E que o limite da liberdade
precisa ser a liberdade do outro. Inclusive a liberdade de crença religiosa e
da forma como a expressa. Ninguém tem o direito de atentar contra a liberdade
do outro, assim também como ninguém deveria ter o direito de atentar contra a
crença ou a forma de ser do outro, muito menos de cometer violência contra a fé
do outro.
Ouvimos
com bastante frequência as frases, “eu exijo respeito”, “eu mereço respeito”,
“eu tenho direito de ter a minha opinião respeitada”, entre tantas outras
inúmeras reivindicações. Podemos observar claramente que em todas essas frases,
como em todas as outras que são utilizadas com o mesmo objetivo, sempre a
palavra “eu” aparece como o legítimo detentor do respeito ao qual tem direito,
em detrimento do “outro”, que também como esse “eu”, tem os seus direitos que
deveriam ser respeitados e em detrimento do pensamento coletivo, que é a
verdadeira expressão da opinião da sociedade.
Muitas
vezes, com o discurso de estarmos exigindo do OUTRO o RESPEITO à nossa opinião,
crença ou estilo de vida, somos capazes de atos que agridem a opinião, a crença
e o estilo de vida do OUTRO, esquecidos que o RESPEITO não é algo que se impõe
e exige, mas que se conquista. Esquecemos também que, talvez, sejamos o mais
intolerante quando queremos impor a nossa verdade ao OUTRO, em detrimento da
verdade do OUTRO. Talvez, sejamos mais radicais e intransigentes do que o
OUTRO, quando, em nome da nossa verdade, negamos a liberdade do OUTRO de ter a
sua verdade.
Também somos
intolerantes com o outro quando queremos impor sobre o outro a nossa forma de
enxergar o mundo e quando não aceitamos desse outro o direito de ter a sua
própria forma de enxergar o mundo.
Talvez,
um dos poucos caminhos que podem ser buscados, para realmente encontrar uma
forma saudável de convivência, não apenas entre os povos e culturas diversas,
mas também com todas as pessoas que cruzam o nosso caminho, seja praticar o
RESPEITO ao OUTRO.
Um abraço a até a
próxima publicação.
Gilson Tavares
Psicanalista Clínico e
Organizacional
Consultor em Gestão
Comportamental
Nenhum comentário:
Postar um comentário