OS PRECONCEITOS DOS FILÓSOFOS - ALÉM DO BEM E DO MAL, FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE

Reflexões à luz de grandes pensadores da humanidade 



OS PRECONCEITOS DOS FILÓSOFOS
ALÉM DO BEM E DO MAL, FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE, 1886
Texto complexo, mas muito interessante.
A filosofia sempre foi vista como um caminho para a busca da verdade e do conhecimento. Nesse texto, Nietzsche faz uma abordagem colocando o filósofo, ou qualquer um que esteja trilhando o caminho da busca da verdade ou do conhecimento, como também sujeito que interfere e que contribui para a verdade encontrada ou para o conhecimento construído.
Em tempos de tantas verdades prontas, de tantos donos de verdades absolutas, esse texto nos leva à uma reflexão sobre o que é a verdade e de como influenciamos a nossa visão sobre o conhecimento visto como verdade.
Nesse texto, Nietzche diz que ao tomarmos algo como uma verdade ou que um conhecimento qualquer pode ser visto como verdadeiro, devemos sempre questionar como o nosso conhecimento anterior ou como o nosso sentimento anterior em relação à esse conhecimento influencia a nossa forma de enxergar ou de aceitar esse conhecimento como verdadeiro.
Leia com atenção e reflita sobre cada palavra contida nesse texto.
Boa leitura.

OS PRECONCEITOS DOS FILÓSOFOS
ALÉM DO BEM E DO MAL, FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE, 1886
 “Ainda há ingênuos acostumados à introspecção que acreditam que existem "certezas imediatas", por exemplo, o "eu penso" ou, como era a crença supersticiosa de Schopenhauer, o “eu quero”; como se nesse caso o conhecimento conseguisse apreender seu objeto pura e simplesmente, enquanto "coisa em si" sem alteração por parte do objeto e do sujeito. Afirmo que a "certeza imediata", bem como o "conhecimento absoluto" ou a "coisa em si" encerram uma contradictio in adjecto; seria pois, esta a ocasião de livrar-se do engano que encerram as palavras.
O Vulgo acredita .que o conhecimento consiste em chegar ao fundo das coisas; por outro lado, o filósofo deve dizer-se: "Se analiso o processo expressado na frase ., eu penso", obtenho um conjunto de afirmações arriscadas, difíceis e talvez impossíveis de serem justificadas; por exemplo, que sou eu quem pensa, que é absolutamente necessário que algo pense, que o pensamento é o resultado da atividade de um ser concebido como causa, que exista um "eu"; enfim, que se estabeleceu de antemão o que se deve entender por pensar e que eu sei o que significa pensar. Pois se eu não tivesse antecipadamente respondido à questão por minha própria razão, como poderia julgar que não se trata de uma "vontade" ou de um "sentir"?
Resumindo o exposto, este "eu penso" implica que comparo meu estado momentâneo com outros estados observados em mim para estabelecer o que é. posto que é preciso recorrer a um "saber de origem diferente", pois, "eu penso" não tem para mim nenhum valor de "certeza imediata". Em lugar dessa segurança em que o vulgo talvez venha a crer, o filósofo por seu lado não retira mais que um punhado de problemas metafísicos, de verdadeiros casos de consciência intelectuais que podem ser colocados da seguinte forma: De onde retiro minha noção de "pensar"? Por que devo crer na causa e no efeito? Com que direito posso falar de um "eu" e de um "eu" como causa e para cúmulo, causa do pensamento? Aquele que se atrever a responder imediatamente a estas questões metafísicas alegando uma espécie de intuição do conhecimento, como se faz quando se diz:. "eu penso e sei que isto pelo menos é verdade, que é real", com certeza provocará no filósofo de hoje um sorriso e uma dupla interrogação: "Senhor, dirá o filósofo, parece-me incrível que o senhor não se equivoque nunca, mas por que anseia por encontrar a verdade acima de tudo. sem limitação de esforços?"”


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