Pequeno resumo:
Psicopatas
são inteligentes, envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor
suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos,
bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas o benefício próprio,
almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são
mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da
maldade.
A
realidade é contundente e cruel, entretanto, o mais impactante é que a maioria
esmagadora está do lado de fora das grades.
Eles
vivem entre nós, parecem fisicamente conosco, mas são desprovidos deste sentido
tão especial: a consciência.
Muitos
seres humanos são destituídos desse senso de responsabilidade ética, que
deveria ser a base essencial de nossas relações emocionais com os outros. Sei
que é difícil de acreditar, mas algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais
experimentarão a inquietude mental, ou o menor sentimento de culpa ou remorso por
desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar a vida de alguém.
Admitir
que existem criaturas com essa natureza é quase uma rendição ao fato de que o
"mal" habita entre nós, lado a lado, cara a cara. Para as pessoas que
acreditam no amor e na compaixão como regras essenciais entre as relações
humanas, aceitar essa possibilidade é, sem dúvida, bastante perturbador. No
entanto, esses indivíduos verdadeiramente maléficos e ardilosos utilizam
"disfarces" tão perfeitos que acreditamos piamente que são seres
humanos como nós. Eles são verdadeiros atores da vida real, que mentem com a
maior tranquilidade, como se estivessem contando a verdade mais cristalina. E,
assim, conseguem deixar seus instintos maquiavélicos absolutamente
imperceptíveis aos nossos olhos e sentidos, a ponto de não percebermos a
diferença entre aqueles que têm consciência e aqueles que são desprovidos desse
nobre atributo.
Por
esse motivo, é natural que você esteja agora se perguntando, de forma íntima e
angustiada, se as pessoas com as quais convive ou que fazem parte do seu mundo
são dotadas de consciência ou não. Por isso, neste exato momento proponho um
passeio virtual (mental). Pare e pense nos seus vizinhos; nos jovens nas
escolas; nos trabalhadores da sua rua; nos profissionais de várias áreas; nos
amigos dos seus amigos; nas mães que zelam pelos seus filhos; nos líderes
religiosos e nos políticos de sua nação. Pare e pense agora nos seus
familiares, no seu chefe, no seu subordinado. Será que todos, sem exceção, são
dotados de consciência?
É
importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se
trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. A palavra psicopata literalmente
significa doença da mente (do grego, psyche = mente; e pathos = doença). No
entanto, em termos médico-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão
tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos,
nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou
alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento
mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo).
Ao
contrário disso, seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim
de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de
tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos.
Os
psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos,
dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício.
Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar
do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se
agressivos e violentos. Em maior ou menor nível de gravidade e com formas
diferentes de manifestarem os seus atos transgressores, os psicopatas são
verdadeiros "predadores sociais", em cujas veias e artérias corre um
sangue gélido.
Os
psicopatas são indivíduos que podem ser encontrados em qualquer raça, cultura,
sociedade, credo, sexualidade, ou nível financeiro. Estão infiltrados em todos
os meios sociais e profissionais, camuflados de executivos bem-sucedidos,
líderes religiosos, trabalhadores, "pais e mães de família",
políticos etc. Certamente, cada um de nós conhece ou conhecera algumas dessas
pessoas durante a sua existência. Muitos já foram manipulados por elas, alguns
vivem forçosamente com elas e outros tentam reparar os danos materiais e
psicológicos por elas causados.
Por
isso, não se iluda! Esses indivíduos charmosos e atraentes frequentemente
deixam um rastro de perdas e destruição por onde passam. Sua marca principal é
a impressionante falta de consciência nas relações interpessoais estabelecidas
nos diversos ambientes do convívio humano (afetivo, profissional, familiar e
social).
O
jogo deles se baseia no poder e na autopromoção às custas dos outros, e eles
são capazes de atropelar tudo e todos com total egocentrismo e indiferença. Muitos
passam algum tempo na prisão, no entanto para a infelicidade coletiva, a grande
maioria deles jamais esteve numa delegacia ou qualquer presídio. Como animais
predadores, vampiros ou parasitas humanos, esses indivíduos sempre sugam suas
presas até o limite improvável de uso e abuso. Na matemática desprezível dos
psicopatas, só existe o acréscimo unilateral e predatório, e somente eles são
os beneficiados.
Segundo
o psiquiatra canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades sobre o
assunto, os psicopatas têm total ciência dos seus atos (a parte cognitiva ou
racional é perfeita), ou seja, sabem perfeitamente que estão infringindo regras
sociais e por que estão agindo dessa maneira. A deficiência deles (e é aí que
mora o perigo) está no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto
faz ferir, maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus
interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses
comportamentos desprezíveis são resultados de uma escolha, diga-se de passagem,
exercida de forma livre e sem qualquer culpa.
Os
psicopatas são os vampiros da vida real. Não é exata-mente o nosso sangue que
eles sugam, mas sim nossa energia emocional. Podemos considerá-los autênticas
criaturas das trevas. Possuem um extraordinário poder de nos importunar e de
nos hipnotizar com o objetivo maquiavélico de anestesiar nosso poder de
julgamento e nossa racionalidade. Com histórias imaginárias e falsas promessas
nos fazem sucumbir ao seu jogo e, totalmente entregues à sorte, perdemos nossos
bens materiais ou somos dominados mental e psicologicamente.
Essa
diferença entre o funcionamento emocional normal e a psicopatia é tão chocante
que, quase instintivamente, recusamo-nos a acreditar que de fato possam existir
pessoas com tal vazio de emoções. Infelizmente, essa nossa dificuldade em
acreditar na magnitude dessa diferença (ter ou não ter consciência) nos coloca
permanentemente em perigo.
Os
psicopatas apresentam níveis de autocontrole extremamente reduzidos. São
denominados "cabeça-quente" ou "pavio-curto" por sua
tendência a responder às frustrações e às críticas com violência súbita,
ameaças e desaforos. Eles facilmente se ofendem e se tornam violentos por
trivialidades ou por motivos banais. Apesar de a explosão de agressividade e
violência serem intensas, elas ocorrem em um curto espaço de tempo, após o qual
os psicopatas voltam a se comportar como se nada tivesse ocorrido.
Um
psicopata, quando "perde o controle", sabe exatamente até onde ele
quer ir, no sentido de magoar, amedrontar ou machucar uma pessoa. Apesar de
tudo isso, eles se recusam a admitir que tenham problemas em controlar seu
temperamento. Eles descrevem seus episódios agressivos como uma resposta
natural à provocação a que foi submetido. Daí a se colocar como vítima de toda
a situação é um passo muito pequeno!
Os
psicopatas não apenas transgridem as normas sociais como também as ignoram e as
consideram meros obstáculos, que devem ser superados na conquista de suas ambições
e seus prazeres. Essas leis e regras sociais não despertam nos psicopatas a
mesma inibição que produzem na maioria das pessoas. Por isso, observamos que, na
trajetória de vida desses indivíduos, o comportamento transgressor e
anti-social é uma constante.
A
psicopatia não tem cura, é um transtorno da personalidade e não uma fase de
alterações comportamentais momentâneas. Porém, temos que ter sempre em mente que
tal transtorno apresenta formas e graus diversos de se manifestar e que somente
os casos mais graves apresentam barreiras de convivência intransponíveis.
Não
negocie com o mal. Jamais concorde, seja por pena, chantagem ou por qualquer
outro motivo, em ajudar um psicopata a ocultar o seu verdadeiro caráter.
Manual
de sobrevivência
Como
vimos até aqui, pouco ou nada podemos fazer para mudar a forma de ser de um
psicopata. A maioria esmagadora da população está ao sabor de suas ações
predatórias. Então, o que pode ser feito para que não sejamos presas tão
fáceis?
Sem
qualquer sombra de dúvida, a melhor estratégia é não se envolver com nenhum
deles em qualquer campo de sua vida (profissional, afetivo e social). Mas isso
não é tão simples assim. Afinal, eles estão infiltrados em todos os setores,
são habilidosos em descobrir os pontos fracos das pessoas e sabem muito bem
como explorá-los. A grande verdade é que estamos todos na mesma situação:
vulneráveis.
Mentes Perigosas - O Psicopata Mora ao
Lado
Ana
Beatriz Barbosa Silva
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