Como surgem os conflitos

 

Temos acompanhado nos últimos dias, em praticamente todos os meios de comunicação, intensos esforços diplomáticos, envolvendo os principais líderes do planeta, empenhados na busca de uma saída negociada, que atenda aos interesses do envolvidos diretos no conflito, na tentativa de evitar que o conflito de interesses evoluísse para atos de agressão e para um confronto armado.

Infelizmente, estamos vendo que os esforços não foram capazes de manter o conflito na esfera da diplomacia, da negociação e o mundo mais uma vez está enfrentando um tempo de imposição pelas armas, pelo uso da força.

Em um mundo globalizado e dito civilizado, aonde a maioria das nações procuram trabalhar em unidade, unindo forças para enfrentar os desafios do desenvolvimento econômico, social e humano dos seus respectivos países e dos seus cidadãos, o que pode levar um conflito de interesses evoluir para um confronto armado?

De uma maneira geral, Por que a existência dos conflitos?

O que leva ao surgimento de conflitos entre as pessoas, entre os grupos, entre as nações?

Qual a melhor maneira de lidar com os conflitos?

Podemos evitar o surgimento de conflitos?

Os conflitos existem desde o início da humanidade e fazem parte do processo de evolução humana, pois o  homem é um ser relacional e, desde os primórdios da humanidade, o ser humano necessita da companhia do outro, transformando sua vida individual em coletiva, organizando-se em grupos, em tribos e em nações, sempre lutando entre si pelo poder.

Desde os primórdios da humanidade, o homem aprendeu que para sobreviver, necessita conviver em grupo e, sendo assim, precisa fazer algumas concessões: partilhar com outro, barganhar, buscar soluções e alternativas para problemas em comum, e também buscar soluções para situações de conflito.

O conflito está presente em qualquer relação humana, uma vez que cada pessoa tem a sua subjetividade construída de forma única. Essa construção única de cada indivíduo implica também que cada pessoa tem a sua opinião e a sua maneira de enxergar e de perceber as situações e o mundo ao seu redor.

E é dentro desse contexto que surgem os conflitos. Quando as diferenças de opiniões e as diferenças de percepções levam á diferentes cenários e à diferentes soluções para os mesmos problemas e para as mesmas necessidades.

Geralmente, as principais causas para a geração dos conflitos são as diferenças de opiniões, as diferenças de necessidades e as diferenças de interesses.

Não só entre as pessoas, mas essas também são as principais causas dos conflitos entre os grupos e entre as nações.

Dessa forma, pode-se perceber que a existência de conflitos não é em si mesmo um problema ou a razão para a geração de desencontros ou de confrontos entres as pessoas, os grupos ou as nações.

Antes disso, deve ser uma oportunidade de desenvolvimento e de conhecimento, com a prática da empatia, procurando compreender as razões e as motivações das pessoas, dos grupos ou das nações envolvidas na situação do conflito.

Um conflito, frequentemente, surge como uma pequena diferença de opinião, podendo muitas vezes se agravar e tornar-se uma hostilidade franca e que leve a um conflito destrutivo entre pessoas, grupos ou nações.

O conflito pode ocorrer em três níveis de gravidade:

O Conflito percebido: quando as partes percebem e compreendem a existência do conflito;

O Conflito experienciado: quando o conflito gera sentimentos de hostilidade, de raiva, de medo, de descrédito entre as partes.;

O Conflito manifestado ou conflito aberto: quando o conflito é expresso através de ações por pelo menos uma das partes.

Os conflitos, quando não encontrado uma solução negociada, têm também diferentes níveis de evolução:

O diálogo é sempre a primeira forma de buscar solução para um conflito.

É a comunicação de uma insatisfação por pelo menos uma das partes envolvidas e a espera de uma saída para a insatisfação ou cobrança.

Não encontrado uma solução, vem o debate, quando as pessoas podem começar a fazer generalizações e a argumentar que a outra parte não teve interesse em resolver a questão.

Em seguida, continuando o conflito, vem a discussão, quando diminui a qualidade dos argumentos, enquanto que mais argumentos são apresentados.

As partes envolvidas no conflito não encontrando ainda uma solução, começa a  disputa, quando as partes envolvidas passam a não mais ouvir nem considerar os argumentos da outra parte, adotando uma postura de resistência, demonstrando convicção e inflexibilidade na sua posição em relação ao conflito.

Nesta etapa, os envolvidos não admitem retroceder, pois significaria perder a disputa.

A partir dessa etapa, geralmente, as partes envolvidas no conflito adotam posturas inflexíveis e começam a apresentar argumentos e posições ofensivas.

Nessa etapa, as partes já não têm mais confiança uma na outra e já não acreditam mais nas intenções apresentadas ou demonstradas.

Também nessa etapa a comunicação se restringe a ameaças, exigências e punições.

A partir desse nível, o conflito atinge um grau mais elevado de tensão e começa o ataque de nervos, quando a autopreservação passa a ser a única motivação.

Nessa etapa, Indivíduos, grupos ou nações preparam-se para atacar e para serem atacados.

Começam também a acontecer os comportamentos destrutivos.

Em seguida, não sendo ainda encontrada nenhuma possibilidade de negociação do conflito, começa a etapa dos ataques generalizados, quando não há mais outro caminho a não ser um lado vencendo e o outro perdendo.

Nesta etapa, o único objetivo dos envolvidos é derrotar ou prejudicar o outro o máximo possível. Não importa os prejuízos que a derrota do outro possa gerar, paga-se qualquer preço pela satisfação de ver o outro derrotado.

Quando o conflito chega nesse estágio, mesmo que ainda se busque uma saída negociada, nenhuma das partes envolvidas sai do embate sem que tenha sofrido grandes prejuízos e sofrido grandes estragos.

Na próxima publicação vamos voltar a falar sobre conflitos, quando vamos vê alguns caminhos que podem ser buscados na negociação de conflitos, e vamos vê também comportamentos e atitudes que facilitam a busca do entendimento em um conflito.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

 

Relações abusivas – como lidar com pessoas tóxicas

 

Pessoas que têm comportamentos desequilibrados e que acabam provocando o desequilíbrio nos relacionamentos, na maioria dos casos, são pessoas que possuem traços de algum Transtorno de personalidade: são bipolares, são borderlines, são esquizofrênicos, são sociopatas ou até mesmo são Psicopatas.

O relacionamento com pessoas que apresentam essas características costuma deixar um rastro de destruição, em vários sentidos.

O ideal é evitar relacionamentos íntimos com pessoas com esses comportamentos, com essas características.

No caso de só perceber esses sinais quando já estiver envolvido ou envolvida com uma pessoa ou quando os comportamentos desajustados já estiverem provocando prejuízos no relacionamento, quanto mais tempo demorar para tomar providências e para se afastar dessa pessoa, maior pode ser o estrago e pior pode ser as consequências dos atos dessa pessoa.

Geralmente, não é fácil lidar com esse tipo de pessoa e também não é fácil se afastar delas. Pois, elas são capazes dos atos mais supreendentes, para manter a relação. Da chantagem, da manipulação, das ameaças e até de atitudes agressivas.

Na luta que deve ser travada para se livrar dessas pessoas é muito importante contar com o apoio da família e com o apoio dos amigos, como também é um fator de grande importância contar com o apoio da psicoterapia, que irá contribuir para o fortalecimento da pessoa nesse enfrentamento.

As relações tóxicas/abusivas/destrutivas/doentias são, na maioria das vezes, formadas por indivíduos com características de algum transtorno de personalidade um lado e pessoas emocionalmente dependentes do outro.

Dificilmente, mantem-se uma situação destrutiva por um longo período com uma pessoa emocionalmente saudável, pois, uma pessoa emocionalmente saudável não irá tolerar os comportamentos desequilibrados e irá romper o relacionamento.

Eu listei algumas considerações importantes para lidar com uma pessoa tóxica:

Pare de dar atenção – enquanto você der atenção, a pessoa manterá o controle sobre você.

como a outra pessoa se sente é responsabilidade da outra pessoa.

Como você se sente é que é da sua responsabilidade.

Não sinta culpa por ter se envolvido. Ninguém tem escrito na testa.

Não sinta pena da pessoa – você não é responsável pela vida do outro.

Não tenha culpa por se afastar. O sentimento de culpa será usado para lhe manipular.

Não se sinta responsável pela vida do outro. Não se se sinta responsável pelo o que o outro faz da própria vida.

Não demonstre medo. O abusador se alimenta do medo.

Mas tenha cuidados e tome medidas de precauções.

Uma vez que consegui começar a se libertar do abusador, não aceite mais nenhum contato ou aproximação. Isso pode ser perigoso.

Abusador geralmente não gosta de sair perdendo.

Procure as autoridades se for necessário para manter o abusador longe.

Reconstrua a sua autoestima e bola pra frente.

Tudo na vida é um aprendizado. Mesmo nas situações difíceis.

Aprender a ser mais seletivo também é um crescimento pessoal.

Mas lembre sempre também que ninguém é perfeito.

Se você for procurar alguém que atenda a todas as suas expectativas e que se enquadre dentro de tudo o que você espera, talvez nunca encontre.

Até porque talvez esse alguém nem exista.

Então, como sempre, importante é a busca do equilíbrio.

E que, o relacionamento com alguém deve trazer paz, segurança, harmonia, companheirismo e não problemas, desajustes e desassussego.

É importante valorizar os seus instintos. Valorizar o sexto sentido. Reconhecer os sinais.

Tem quem diga que tapa de amor não dói.

Mas dói sim. Machuca. E de um tapinha, beliscão ou empurrão, pra um tapão ou uma agressão grave, é só questão de tempo.

Não existe uma fórmula para evitar uma relação abusiva, mas existe algumas considerações que podem ajudar.

Você não deve depender de ninguém pra ser feliz

Você não deve depender de ninguém Economicamente

Você não deve depender de ninguém Emocionalmente

Listei também alguns tipos de pessoas que se deve manter distância:

Aquele que faz você se sentir culpado;

Aquele que faz birra por tudo;

Aquele que tenta lhe manipular;

Aquele que demonstra sentimentos de inveja pelas conquistas de outros;

Aquele que tem comportamentos narcisistas – desejo de ser o centro das atenções, de ser o sabe-tudo, de ser o melhor em tudo.

Pessoas arrogantes, prepotentes, que querem ser melhor que as outras.

Pessoas vítimas – que em tudo ver conspiração contra elas.

Pessoas controladoras – que tentam impor as suas vontades ou as suas ideias.

Pessoas mentirosas – que criam ou que compartilham mentiras, para atingir seus objetivos ou para espalhar as suas ideias.

Pessoas negativas – que em toda situação só enxerga dificuldades e impossibilidades, em vez de buscar soluções para os obstáculos.

Pessoas gananciosas – que não se importam em tirar proveitos de outras pessoas ou de burlar Leis e regulamentos, para obterem alguma vantagem.

Pessoas que julgam – aquelas que se acham melhores e mais corretas que as outras e vivem apontando falhas de outras pessoas.

Em geral, esse comportamento serve para encobrir as suas próprias falhas.

Pessoas fofoqueiras – aquelas que vivem tomando conta da vida dos outros.

Pessoas sem caráter – aquelas que não têm nenhuma cerimônia em cometer atos ilícitos, atos de desonestidade, atos de vandalismo, atos que prejudicam ou que machucam outras pessoas, atos que infligem Leis, normas ou regulamentos, atos de incivilidade, atos de desrespeito, atos que colocam outras pessoas em risco.

Enfim, tomando essas e outras precauções, podemos evitar muitos problemas. Não apenas em relação a relacionamentos amorosos, mas em relação á todos os nossos relacionamentos.

Mas é importante lembrar que nada substitui o bom senso e o equilíbrio, também em relação à observação dos comportamentos das pessoas ao nosso redor.

E também lembrar que não existe ninguém perfeito.

Aliais, nem nós mesmos somos perfeitos.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

 

Relações abusivas – sinais de alerta

 

 

Na conquista, as pessoas costumam mostrar que são as melhores pessoas do mundo. Mostrar que o outro teve muita sorte de encontra-lo. Que foram feitos um para o outro.

Para conquistar a confiança, a pessoa se mostra como a pessoa perfeita.

Mas é preciso observar alguns sinais:

Verificar como trata as outras pessoas – principalmente das que não dependem ou que acreditam não precisarem.

Por exemplo: garçons, atendentes em geral, entregadores, etc.

Verificar como se relaciona com a família. Em geral, esse comportamento se repete nos relacionamentos.

Verificar quem são os seus amigos. Em geral, tende a se relacionar com iguais.

Muuuito cuidado com quem fala mal de pessoas de relacionamentos anteriores.

Cuidado com o discurso de vítima – vítima do mundo, da família ou das circunstancias, e que precisa de um ombro amigo.

Precisa do outro pra superar as agressões da vida.

Ou o contrário:

Querer mostrar que o outro precisa dele.

Mostrar que é necessário na vida da outra pessoa

Fazer tudo pela pessoa, Mesmo que a pessoa não peça isso.

Cuidado também com:

Demonstrações ou declarações exageradas, principalmente em público.

Declarações de que o outro é a sua metade, ou o seu tudo – lhe completa. 

De que não pode viver sem o outro.

Isso em geral torna-se uma armadilha.

Cuidado com o Grude – que sufoca o outro, não deixando espaço para o outro ser quem ele é ou ter o seu espaço.

Cuidado com a Identificação imediata com os mesmos projetos de vida

Acenda a luz de alerta em relação à pressa.

Pressa principalmente em relação ao relacionamento, em aprofundar o relacionamento, em assumir compromissos.

Cuidado com as expectativas demasiadas

Acenda a luz de alerta também para as crises de ciúmes

Para os extremos de comportamento – muito prestativo ou desatencioso.

Acenda a luz de alerta para as crises de amor e ódio

Pequenos comportamentos de agressividade seguidos de arrependimentos.

Em geral, o abusador começa a se mostrar toxico com pequenas atitudes.

Chantagem emocional – assim mantém o controle sobre você

Procura lhe afastar das pessoas – da família e dos amigos – pra ficar mais fácil manter o controle.

O abusador costuma tirar algum proveito dos seus pontos fracos e dos seus erros

Com o uso de:

Manipulação

Abuso psicológico

Pequenas brigas por tudo – teste pra saber até onde pode ir

Vai e volta – termina e volta.

Isso Cria um circulo de dependência emocional

Essas pessoas que se mostram desequilibradas e que acabam provocando o desequilíbrio no relacionamento, na maioria dos casos são pessoas que possuem traços de algum Transtorno de personalidade – bipolares, borderlines, esquizofrênicos, sociopatas ou até Psicopatas.

Essas pessoas costumam deixar um rastro de destruição, em vários sentidos, e o ideal é evitar qualquer tipo de aproximação com pessoas com esses comportamentos.

Quanto mais tempo demorar para tomar providências e para se afastar dessas pessoas, maior pode ser o estrago e pior pode ser as consequências dos atos dessas pessoas.

Na luta que deve ser travada para se livrar dessas pessoas é muito importante contar com o apoio da família e dos amigos, como também é um fator de grande importância contar com o apoio da psicoterapia, que irá contribuir para o fortalecimento da pessoa nesse enfrentamento.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional