Hoje vou falar sobre um tema que vem ocupando os noticiários de forma bastante expressiva nos dias atuais, e que parece ter sido agravado, por conta da pandemia, que obrigou as pessoas a conviverem mais de perto e por mais tempo, em alguns casos, confinados.
Estou falando do aumento dos casos de violência nos relacionamentos. Principalmente do aumento de casos de feminicídio.
Por ser um tema tão importante, atual e urgente. Um tema que precisa ser discutido por toda a sociedade, vamos falar sobre ele em três momentos.
Hoje vou falar sobre o que é uma relação abusiva e sobre como tudo começa.
Na próxima crônica, vou falar sobre alguns comportamentos, que devem acender os sinais de alerta, para identificar uma pessoa abusadora, uma pessoa tóxica.
E na crônica seguinte, vou concluir o tema, falando sobre algumas atitudes que devemos ter, para lidar com pessoas tóxicas.
Relações abusivas é um tema que diz respeito à todos. É um tema que deve causar preocupação em todos. Pois todos nós temos famílias, todos nós temos parentes, todos nós temos amigos, todos nós temos pessoas das quais gostamos, e ninguém esta totalmente livre de ser envolvido, ou envolvida, em um relacionamento com uma pessoa desequilibrada.
Eu falo envolvido ou envolvida, porque pessoas desequilibradas, pessoas desajustadas, encontramos em todos os sexos.
Porém, o que vemos nos noticiários em maior proporção, são homens desequilibrados, agressores de mulheres.
Agressores em vários sentidos. Perseguidores, assediadores, chantagistas, agressores psicológicos e emocionais, agressores físicos e até assassinos.
E qual deve ser a melhor estratégia para lidar com essa questão, que desestrutura tantas famílias e comunidades?
Não é uma questão simples.
Deve passar pelo olhar da sociologia, pelo olhar da psicologia, pelo olhar da economia, pelo olhar da família.
Esse é um trabalho de todos.
Principalmente um trabalho de formação de pessoas.
É preciso ser repensando que tipo de valores estão sendo ensinados e construídos na nossa sociedade.
E isso é um trabalho que deve ser feito nas famílias, nas comunidades, nas instituições de ensino, em todos os ambientes.
É preciso que seja feito um trabalho de construção de pessoas que tenham noção de ética, noções de respeito, noções de convivência, noções de valorização da vida e das pessoas.
Mas cada pessoa também deve fazer o seu papel. Principalmente um papel de prevenção. Aprendendo evitar atitudes que contribuam para lhe colocar em risco e desenvolvendo atitudes que contribuam para a produção do seu bem-estar e da sua segurança. Tanto segurança física quanto segurança emocional.
Como estamos falando de relacionamentos. Qual a função do namoro?
A função do namoro é, ou pelo menos deveria ser, um tempo para as pessoas se conhecerem melhor, para verem se é isso realmente o que querem para as suas vidas.
Porém, nos dias atuais, na maioria dos casos, as pessoas têm muita pressa – no imediatismo de viver o momento, sem pensar nas consequências, queimam as etapas do relacionamento, e quando percebem realmente quem é o outro, e percebe que não é o que querem para as suas vidas, o relacionamento já tem evoluído para níveis que torna mais difícil se afastar da pessoa.
É preciso ser mais cuidadoso, ou cuidadosa, em quem vamos escolher para colocar na nossa vida.
Um relacionamento com alguém deve trazer paz na convivência a dois.
Deve tirar da pessoa o seu melhor.
Um relacionamento deve ser construído no respeito, na troca, na cumplicidade.
Um relacionamento deve ser oportunidade para que ambos cresçam como pessoas.
Já um relacionamento não saudável tira da pessoa o seu pior
Em um relacionamento não saudável um suga o outro, um sufoca o outro, um destrói o outro.
Existe uma fórmula para evitar se envolver em um relacionamento abusivo?
Não. As pessoas não trazem escrito na testa quem elas realmente são.
Mas existem alguns cuidados que se pode ter, para detectar os sinas de desequilíbrio, os sinais de uma pessoa abusiva, de uma pessoa manipuladora ou agressiva.
O namoro tem exatamente esse papel. Conhecer melhor a pessoa.
Não conhecer a partir do que ela fala dela mesmo. Mas conhecer a sua família, conhecer os seus amigos, conhecer as suas experiências de vida, conhecer a sua história. E avaliar se consegue conviver de forma saudável com o que vai percebendo do jeito de ser do outro.
No princípio, tudo são flores.
Na conquista, as pessoas costumam mostrar que são as melhores pessoas do mundo. Mostrar que o outro teve muita sorte de encontra-lo. Que foram feitos um para o outro.
Mas é preciso ter muito cuidado com o que chamamos de amor romântico.
Muitas vezes, o amor romântico é uma verdadeira cilada.
É preciso ter cuidados com os exageros.
Na demonstração de afeto nos relacionamentos, muitas vezes vemos demonstrações cinematográficas. Isso, geralmente, é um prenuncio de bronca mais na frente.
Também nos relacionamentos, o equilíbrio deve ser observado.
Nem a frieza ou a grosseria, mas também nem as demonstrações exageradas, principalmente em público, devem ser vistas como bons sinais, muito pelo contrário.
Esse é um tema bastante abrangente e é essencial que seja encontrado espaço de discussão sobre o mesmo em todos os canais de comunicação.
É preciso que sejam feitas campanhas para que o máximo de pessoas sejam alcançadas. Que mais pessoas sejam levadas à reflexão sobre o papel que cada um pode desempenhar no enfrentamento dessa crise de valores e de desvalorização da vida.
Na próxima crônica, vamos voltar ao assunto. Quando vamos ver como podemos identificar os sinais de desequilíbrio, os sinais de desajustes, os sinais de um relacionamento abusivo.
E vamos ver também algumas atitudes que podemos ter para lidar com pessoas tóxicas.
Gilson Tavares
Administrador, Especialista em gestão de pessoas
Psicanalista Clínico e Organizacional
Se você preferir, escute no formato de podcast no link abaixo.
Podcast Dicas de Inteligência Comportamental.
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