Hoje vamos falar sobre um tema muito presente na mídia, nos filmes, nos noticiários.
Um tema que, mesmo quando não classificados como tal, as suas ações, e principalmente os resultados das suas ações, denunciam pessoas portadoras de um transtorno de personalidade, desprovidas de sentimentos de empatia, de moral ou de ética, de respeito ao semelhante.
Estamos falando dos psicopatas.
A psicopatia é um termo bastante usado o tempo todo, até mesmo no cotidiano das pessoas, mas, ao mesmo tempo é um termo muito desconhecido.
O que é mesmo a psicopatia e o que significa alguém ser um psicopata?
Sempre que escutamos o termo psicopatia, associamos o termo à um assassino em série, à um maníaco agredindo e matando pessoas.
Porém, a psicopatia tem diversos níveis de gravidade e assim, diversos graus de afetamento dos portadores desses transtornos.
O termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou de doentes mentais.
A palavra psicopatia literalmente significa doença da mente e não doença na mente.
Em termos médico/psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais.
Os indivíduos portadores de algum grau de psicopatia não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou de alucinações, como a esquizofrenia. Também não apresentam sofrimento mental, como a depressão ou o pânico, por exemplo.
Ao contrário disso, suas transgressões, suas agressões, seus atos criminosos, não são fruto de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista, combinado com uma total falta de sentimentos como a empatia e o respeito pelo outro.
De acordo com a Dra. Ana Beatriz Barbosa, psiquiatra, uma das maiores autoridades no assunto no Brasil, os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício.
São incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São totalmente desprovidos de culpa ou de remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos.
Segundo a Dra. Ana Beatriz, em maior ou menor nível de gravidade e com formas diferentes de manifestarem os seus atos transgressores, os psicopatas são verdadeiros "predadores sociais".
Os psicopatas são indivíduos que podem ser encontrados em qualquer raça, cultura, sociedade, credo, sexualidade, ou nível financeiro.
Estão infiltrados em todos os meios sociais e profissionais, camuflados de executivos bem-sucedidos, de líderes religiosos, de trabalhadores, de pais e mães de família, de políticos etc.
Principalmente, procuram se infiltrar em cargos de liderança, como executivos de grandes empresas, como líderes religiosos ou como políticos populistas, para assim, exercerem a sua influência sobre as pessoas, e poderem manipular e usar as pessoas para conquistarem os seus objetivos, quase sempre ligado ao poder.
Aliais, o poder é sempre o objeto de desejo do psicopata. Principalmente o poder sobre pessoas, ter o controle sobre pessoas.
O jogo deles se baseia no poder e na autopromoção às custas dos outros, e são capazes de atropelar tudo e todos, com total indiferença.
Os psicopatas, em maior ou menor grau, frequentemente deixam um rastro de perdas e de destruição por onde passam.
A marca principal do psicopata é a impressionante falta de consciência nas relações interpessoais, nas relações com as pessoas, nos diversos ambientes do convívio humano - afetivo, profissional, familiar e social. O seu total desprezo pelas pessoas.
Geralmente, os psicopatas utilizam as pessoas para conseguirem os seus objetivos, quando não mais precisam delas, descartam e desprezam as pessoas.
Isso quando não somem com as pessoas, caso elas se tornem um obstáculo para os seus objetivos.
Segundo o psiquiatra canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades sobre o assunto, os psicopatas têm total ciência dos seus atos (a parte cognitiva ou racional da sua mente é perfeita), ou seja, sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo dessa maneira.
A deficiência deles (e é aí que mora o perigo) está no campo dos afetos e das emoções.
Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo.
E fazem isso, livres de qualquer sentimento de culpa ou de remorso.
Os psicopatas não apenas transgridem as Leis e normas sociais como também as ignoram e as consideram meros obstáculos, que devem ser superados na conquista de suas ambições e de seus prazeres.
As leis e as regras sociais não despertam nos psicopatas a mesma inibição que produzem na maioria das pessoas. Por isso, observamos que, na trajetória de vida dos indivíduos portadores de algum grau de psicopatia, o comportamento transgressor e antisocial é uma constante na sua vida.
A psicopatia não tem cura, é um transtorno da personalidade, um jeito de ser e de atuar no mundo, e não uma fase de alterações comportamentais momentâneas.
Porém, a psicopatia apresenta formas e graus diversos de se manifestar e somente os casos mais graves apresentam barreiras de convivência intransponíveis com a sociedade em geral.
E isso, traz também a necessidade de se discutir mais sobre o assunto. De trazer mais conhecimento sobre o assunto.
Principalmente, conhecimento no sentido de não se tornar uma vítima de uma pessoa portadora desse transtorno de personalidade.
Gilson Tavares
Psicanalista Clínico e Organizacional
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