O papel da família na educação e na construção da sociedade

 

Vivenciamos recentemente o dia das mães. Comemoramos no mês de maio o mês dedicado às mulheres, inclusive com o dia 8 de maio como o dia internacional da mulher.

Penso que não precisava ter um dia dedicado ao dia da mulher, uma vez que o dia da mulher deveria ser todos os dias.

Penso também que não precisamos ter um olhar diferenciado pra ninguém, em razão da sua cor, raça, religião, opinião, nacionalidade, situação social ou do seu sexo.

Acredito que só o que nos permite ter um olhar diferenciado pra alguém são as suas ações. Se as suas ações nos permitem ter uma relação de proximidade e de confiança ou se as suas ações nos indicam que devemos manter distância dessa pessoa.

De resto, somos todos iguais.

Acredito também que o que pode contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária e de mais respeito entre as pessoas seja a educação.

Mas não apenas a educação enquanto educação acadêmica, aquela que é construída nas instituições de ensino, com a construção do conhecimento e também com a construção de normas de convivência, mas acredito também que mais importante ainda, seja a educação enquanto ensinamentos que só se aprende em casa, com os pais, com a família.

E é por essa razão que hoje vou falar sobre o papel da família na educação e na construção da sociedade.

Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, seja para a adequação do indivíduo ao grupo ou para a adequação dos grupos à sociedade.

E qual o papel da família na educação e na construção da sociedade?

O ambiente familiar é um espaço construído por todos os membros da família, onde todos contribuem para a formação desse ambiente. Todos recebem influência uns dos outros e todos também influenciam uns aos outros.

A família não pode deixar de ser a estrutura fundamental que molda o desenvolvimento psíquico do indivíduo, uma vez que é, por excelência, o local de troca emocional e de elaboração dos complexos emocionais, que se refletem no desenvolvimento histórico das sociedades e nos fatores organizativos do desenvolvimento psicossocial.

E a função dos limites?

Esses, que são tão criticados e atacados por tantos nos dias atuais.

Atualmente, quando se fala em limites, tanto no ambiente familiar quanto na convivência social - na convivência entre as pessoas, são vistos apenas como formas de se retirar direitos, e não como componente formador da personalidade e como componente essencial para a vida em sociedade.

Uma das importantes funções do estabelecimento de limites é exatamente para a pessoa conhecer a frustração e se adaptar à realidade. As frustrações funcionam como estágios de aprendizado, para o enfrentamento dos obstáculos que a vida certamente colocará na vida de cada pessoa. Ao colocar regras, prepara-se para a vida real, onde nem tudo acontece do jeito e na hora que se quer.

Para os estudiosos do comportamento humano, os limites são importantes para a formação da personalidade. São eles que vão ajudar a pessoa a desenvolver a capacidade de suportar as frustrações.

Sem noção de limites, sem noções de cidadania, sem noções de responsabilidade, sem noções de ética, sem noções de respeito, sem noções do bem comum, sem noções de pensamento crítico, criamos uma sociedade com o conceito de que o mundo é dos mais espertos, onde, de um lado, temos aqueles que procuram tirar proveito dos demais e do mundo ao seu alcance, que seja na esfera econômica, que seja na esfera da exploração da mão de obra, que seja na esfera da exploração ambiental, que seja na esfera política, entre tantas outras esferas de convivência.

De outro lado, criamos o que é classificado como massa da população, que, por não exercer o pensamento crítico, manipulados pelo primeiro grupo, o dos espertos, que são aqueles que se prestam ao papel de contribuir, com suas ações com o seu apoio ou com a sua omissão, para que o grupo dos espertos possa conseguir os seus objetivos.

Escutamos tanto que devemos construir uma sociedade mais justa, mais ética, mais fraterna e alicerçada em valores que dignifiquem a vida. Porém, só teremos essa sociedade quando houver a conscientização de que isso é uma responsabilidade de cada um, que cada um contribui para essa sociedade que tanto criticamos, e que, mudanças só acontecerão quando mudarmos a frase de “vamos construir uma sociedade mais justa é ética” para “vamos ser pessoas mais justas, mais éticas, mais fraternas e mais conscientes dos valores que dignificam a vida”.

Isso só acontecerá quando formos pessoas sabedoras dos nossos direitos, mas também conscientes dos nossos deveres. E principalmente, conhecedores do nosso papel enquanto formadores da sociedade.

Temos que concordar que a sociedade que temos hoje é uma sociedade adoecida. Principalmente no quesito civilidade, no quesito ética, nos quesitos fundamentais dos valores humanos e no quesito convivência entre as pessoas.

Se queremos um mundo melhor, se queremos uma sociedade melhor, essa sociedade melhor, esse mundo melhor, só será possível com a construção de pessoas melhores.

Não pessoas melhores em relação à pessoas com mais educação acadêmica, mas pessoas melhores em relação à pessoas com mais educação como gente, e como gente que preste, como gente com valores construtivos em relação ao mundo e em relação a vida em comunidade.

E esse é o papel fundamental da educação e também o papel fundamental da família na construção da pessoa e da sociedade.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário