Uma tentativa de reflexão sobre a violência nos dias atuais

 

Hoje vamos falar sobre um tema muito presente em todos os meios de comunicação nos dias atuais. Principalmente presente em todos os jornais.

Estamos falando da violência, e exemplos vemos todos os dias.

Não sei se na atualidade estamos falando mais sobre o fenômeno da violência, ou se as pessoas estão mais agressivas e mais violentas.

O fato é que, a violência está de certa forma normalizada na sociedade.

Violência em várias formas, e parece cada vez mais presente no cotidiano das comunidades.

São latrocínios – quando muitas vezes marginais agem com extrema violência e crueldade, machucando pessoas e tirando vidas, em troca de um celular ou de qualquer objeto de qualquer valor. Com total desprezo à vida humana.

São feminicidios -  quando homens que se sentem diminuídos por serem rejeitados por mulheres, ou homens não aceitam o desejo de mulheres que querem se afastarem deles, muitas vezes já por conta de violências sofridas, e esses homens, por se sentirem donos dessas mulheres, donos do destino dessas mulheres, donos das vidas dessas mulheres , decidem também que, se essas mulheres não atendem aos seus caprichos e aos seus desejos de autoridade sobre elas, por fim à vida dessas mulheres, quase sempre por meios cruéis e covardes.

É a violência por motivos banais – motivada por um simples arranhão provocado por um veículo no trânsito, por uma discussão banal entre vizinhos ou até mesmo por um desentendimento entre crianças brincando em um parquinho.

São estudantes agredindo outros estudantes até dentro da sala de aula Isso quando não agridem professores e diretores.

A violência por questões de gêneros.

A violência por questões raciais.

A violência por questões religiosas.

A violência por questões ideológicas.

A violência por questões políticas.

A violência inclusive daqueles que deveriam combater a violência.

Isso sem falar da violência social, que coloca milhões de pessoas à viverem sem um teto, sem um mínimo de condição de segurança, higiene, educação ou alimentação, sem uma perspectiva de futuro.

Frequentemente nos perguntamos, o que está acontecendo com as pessoas?

Por que as pessoas estão tão intolerantes, agressivas e violentas?

Podemos encontrar alguma explicação?

Ou podemos apenas fazer uma tentativa de reflexão sobre o tema da agressividade e da violência?

O fato do distanciamento social, em razão da pandemia da Covid, pode ser visto como um fator desencadeante desse aumento expressivo da agressividade e da violência?

Ou o distanciamento social, o distanciamento entre as pessoas, totalmente necessário para lidar com a pandemia, pode ser visto como um fator que acentuou a agressividade já existente nessas pessoas?

O tema da agressividade e da violência é um tema bastante extenso, porém, é um tema bastante complexo. Um tema de grande dificuldade, tanto para o enfrentamento da violência na sociedade, como também um tema muito complexo, para o seu entendimento e para a sua prevenção.

Segundo Freud, o pai da psicanálise, a violência é a antítese da civilização. Ou seja, a violência é o oposto da civilização.

Ou seja novamente, a violência é a liberação dos instintos mais primitivos, em detrimento de todo o avanço civilizatório e em detrimento de todos os sentimentos e comportamentos que tornam a espécie humana supostamente mais evoluída que as outras espécies animais que habitam o planeta.

Digo supostamente porque, várias outras espécies que consideramos menos evoluídas, têm uma capacidade muito superior à espécie humana em sobreviver e em manter a sobrevivência da sua espécie, como também, várias outras espécies animais, que também consideramos inferiores à espécie humana, têm o seu código de conduta  e os seus comportamentos sociais – a convivência entre os indivíduos, bem mais evoluídos do que a espécie humana, o que torna essas espécies mais avançadas do que a espécie humana, quando se fala na capacidade de convivência, na capacidade de cooperação, na capacidade de ação em benefício do bem da coletividade, e consequentemente, aumento das chances de preservação e de sobrevivência, do indivíduo e da espécie.

Podemos pensar a evolução civilizatória, com a criação de norma e regras de convivência, como um caminho para a evolução também dos indivíduos que fazem a sociedade.

Mas o que temos visto nos últimos tempos parece o que podemos chamar de  Involução civilizatória, com a prevalência dos desejos primários, com a prevalência dos instintos primitivos, em detrimento dos comportamentos que permitem a convivência pacifica com o outro e que permite a vida em sociedade.

Temos visto cada vez mais pessoas com dificuldade para se conectar o seu mundo interior, com dificuldade para lidar com os seus instintos primitivos, e assim, também com grande dificuldade para lidar com o mundo exterior, com grande dificuldade para lidar com o outro, com grande dificuldade para lidar com a coletividade, com grande dificuldade para lidar com a realidade a sua volta e com grande dificuldade para lidar com a vida em comunidade.

Por ser um tema tão extenso e também tão importante, vamos voltar a falar sobre a agressividade e sobre a violência na próxima publicação.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

A produção da verdade e sua relação com o conhecimento o poder e as massas

 

Hoje vamos abordar um tema bem atual. Um tema que está presente praticamente em todos os meios de comunicação, presente nos noticiários e que tem causado grande preocupação, na sociedade civil e em todas as instituições sérias do país.

Estamos falando da produção da verdade, e da relação existente entre o conhecimento, o poder, as massas, e a verdade – da verdade verdadeira e a verdade produzida para atender à interesses. Geralmente para atender à interesses econômicos, atender á interesses políticos ou atender à interesses ideológicos.

E essa é uma reflexão à luz de um dos grandes pensadores da humanidade.

Uma reflexão à luz de Michel Foucault. Nascido em Paris em 1926.

Michel Foucault foi um filósofo, historiador, teórico social e professor de História dos Sistemas do Pensamento, no célebre Collège de France, de 1970 até 1984.

Foucault foi um importante pesquisador da relação entre o saber e o poder. Entre a produção do saber, do conhecimento, e a relação entre essa produção do saber e do conhecimento e a atuação do poder como forma de manipulação ou de deturpação do conhecimento e do saber, para atender aos interesses do poder.

O texto a seguir foi retirado do livro “Microfísica do Poder”, publicado por Michel Foucault em 1986.

Em tempos de tantas “verdades” prontas e repassadas como verdades absolutas, Michel Foucault vem, com o texto a seguir, nos chamar a atenção para a relação existente entre a verdade real e a verdade construída para atender à interesses de instituições, interesses de partidos políticos, interesses de governos e interesses de ideologias.

Nesse texto, extraído do livro Microfísica do Poder, escrito em 1986, Michael Foucault já explicita a difícil relação entre o poder constituído e os que fazem a ciência e a produção do conhecimento, no tocante à produção de verdades que incomodem ou que sejam contrários aos interesses de classes, de governos  ou de ideologias.

No final do texto, fica alguma orientação de Michel Foucault, sobre como deveria ser a atuação da sociedade em relação à produção de verdades, assumindo uma atitude no mínimo questionadora em relação às verdades impostas à ela.

Palavras de Michel Foucault, Microfísica do Poder, 1986.

Lembrando que Foucault está falando da verdade em relação à produção da ciência e à produção do conhecimento.

Diz ele,

Vivemos um momento em que a função do intelectual deve ser reelaborada, não abandonada, apesar da nostalgia de alguns.

Segundo ele, em nossas sociedades, a "economia política" da verdade tem características historicamente importantes, como por exemplo:

A "verdade" é centrada na forma de discurso nas instituições que produzem essa verdade;

A verdade está submetida a uma constante incitação, isto é, um constante apelo, econômico e político;

A verdade é objeto, de várias formas, de grande difusão e de grande consumo, ou seja, circula nos meios de comunicação;

A verdade é produzida e transmitida sob o controle de alguns grandes aparelhos políticos ou econômicos;

A verdade é objeto de debate político e de confronto social;

A verdade é objeto de lutas "ideológicas".

Foucault diz também que há um combate "pela verdade" ou "em torno da verdade" − entendendo−se que, por verdade, não se quer dizer "o conjunto das coisas verdadeiras", mas o "conjunto das regras segundo as quais se distingue o verdadeiro do falso e se atribui ao verdadeiro os pensamentos do poder vigente".

Para Foucault, A "verdade" está ligada aos sistemas de poder de forma retroalimentada, que a produzem, apoiam e reproduzem, ou seja, os sistemas de poder, que criam as verdades que atendem aos seus interesses, que apoiam, divulgam e reproduzem essas verdades, como se verdades fossem.

Podemos perceber nessas palavras de Foucault, a importância que ele deixa claro, de forma implícita, no poder do discurso, com forma de divulgar e de incentivar a reprodução de verdades que atendam aos interesses do poder.

Foucault diz que, o problema essencial para quem produz ciência ou conhecimento não é criticar os conteúdos ideológicos que estariam ligados à ciência, ao conhecimento, mas saber se é possível constituir uma nova política que contribua para a produção da verdade.

Ele diz que, o problema não é mudar a "consciência" das pessoas, ou o que as pessoas têm na cabeça, mas mudar os interesses que contribuem para a produção da verdade.

Esse é um texto escrito por Foucault, no ano de 1986, de acordo com a sua visão de mundo dessa época – dos anos 80 do século passado.

Porém, não precisamos fazer nenhum esforço para perceber que nos dias de hoje, esse texto continua sendo totalmente atual, quando estamos vivendo dias tão difíceis em relação a produção de verdades que atendam aos interesses de grupos econômicos, interesses de partidos políticos ou interesses de ideologias.

Nunca tivemos tanta tecnologia que facilita e que agiliza a divulgação e a reprodução de pensamentos e de conhecimentos, mas também nunca tivemos tanta tecnologia e tanto conhecimento tecnológico sendo utilizado para a produção e para a reprodução de mentiras e para a produção e reprodução de realidades paralelas, que atendam aos interesses dos grupos econômicos, que atendam aos interesses dos grupos políticos e que atendam aos interesses das ideologias vigentes.

Esse texto mostra não a necessidade de libertar a produção da verdade do sistema de poder, mas a necessidade de desvincular o poder da produção da verdade das pressões sociais, a necessidade de desvincular o poder da produção da verdade das pressões sociais e econômicas, a necessidade de desvincular o poder da produção da verdade das pressões políticas, a necessidade de desvincular o poder da produção da verdade das pressões culturais e a necessidade de desvincular o poder da produção da verdade das pressões ideológicas.

Esse é um tema antigo, mas também é um tema bem atual.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

O papel da família na educação e na construção da sociedade

 

Vivenciamos recentemente o dia das mães. Comemoramos no mês de maio o mês dedicado às mulheres, inclusive com o dia 8 de maio como o dia internacional da mulher.

Penso que não precisava ter um dia dedicado ao dia da mulher, uma vez que o dia da mulher deveria ser todos os dias.

Penso também que não precisamos ter um olhar diferenciado pra ninguém, em razão da sua cor, raça, religião, opinião, nacionalidade, situação social ou do seu sexo.

Acredito que só o que nos permite ter um olhar diferenciado pra alguém são as suas ações. Se as suas ações nos permitem ter uma relação de proximidade e de confiança ou se as suas ações nos indicam que devemos manter distância dessa pessoa.

De resto, somos todos iguais.

Acredito também que o que pode contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária e de mais respeito entre as pessoas seja a educação.

Mas não apenas a educação enquanto educação acadêmica, aquela que é construída nas instituições de ensino, com a construção do conhecimento e também com a construção de normas de convivência, mas acredito também que mais importante ainda, seja a educação enquanto ensinamentos que só se aprende em casa, com os pais, com a família.

E é por essa razão que hoje vou falar sobre o papel da família na educação e na construção da sociedade.

Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, seja para a adequação do indivíduo ao grupo ou para a adequação dos grupos à sociedade.

E qual o papel da família na educação e na construção da sociedade?

O ambiente familiar é um espaço construído por todos os membros da família, onde todos contribuem para a formação desse ambiente. Todos recebem influência uns dos outros e todos também influenciam uns aos outros.

A família não pode deixar de ser a estrutura fundamental que molda o desenvolvimento psíquico do indivíduo, uma vez que é, por excelência, o local de troca emocional e de elaboração dos complexos emocionais, que se refletem no desenvolvimento histórico das sociedades e nos fatores organizativos do desenvolvimento psicossocial.

E a função dos limites?

Esses, que são tão criticados e atacados por tantos nos dias atuais.

Atualmente, quando se fala em limites, tanto no ambiente familiar quanto na convivência social - na convivência entre as pessoas, são vistos apenas como formas de se retirar direitos, e não como componente formador da personalidade e como componente essencial para a vida em sociedade.

Uma das importantes funções do estabelecimento de limites é exatamente para a pessoa conhecer a frustração e se adaptar à realidade. As frustrações funcionam como estágios de aprendizado, para o enfrentamento dos obstáculos que a vida certamente colocará na vida de cada pessoa. Ao colocar regras, prepara-se para a vida real, onde nem tudo acontece do jeito e na hora que se quer.

Para os estudiosos do comportamento humano, os limites são importantes para a formação da personalidade. São eles que vão ajudar a pessoa a desenvolver a capacidade de suportar as frustrações.

Sem noção de limites, sem noções de cidadania, sem noções de responsabilidade, sem noções de ética, sem noções de respeito, sem noções do bem comum, sem noções de pensamento crítico, criamos uma sociedade com o conceito de que o mundo é dos mais espertos, onde, de um lado, temos aqueles que procuram tirar proveito dos demais e do mundo ao seu alcance, que seja na esfera econômica, que seja na esfera da exploração da mão de obra, que seja na esfera da exploração ambiental, que seja na esfera política, entre tantas outras esferas de convivência.

De outro lado, criamos o que é classificado como massa da população, que, por não exercer o pensamento crítico, manipulados pelo primeiro grupo, o dos espertos, que são aqueles que se prestam ao papel de contribuir, com suas ações com o seu apoio ou com a sua omissão, para que o grupo dos espertos possa conseguir os seus objetivos.

Escutamos tanto que devemos construir uma sociedade mais justa, mais ética, mais fraterna e alicerçada em valores que dignifiquem a vida. Porém, só teremos essa sociedade quando houver a conscientização de que isso é uma responsabilidade de cada um, que cada um contribui para essa sociedade que tanto criticamos, e que, mudanças só acontecerão quando mudarmos a frase de “vamos construir uma sociedade mais justa é ética” para “vamos ser pessoas mais justas, mais éticas, mais fraternas e mais conscientes dos valores que dignificam a vida”.

Isso só acontecerá quando formos pessoas sabedoras dos nossos direitos, mas também conscientes dos nossos deveres. E principalmente, conhecedores do nosso papel enquanto formadores da sociedade.

Temos que concordar que a sociedade que temos hoje é uma sociedade adoecida. Principalmente no quesito civilidade, no quesito ética, nos quesitos fundamentais dos valores humanos e no quesito convivência entre as pessoas.

Se queremos um mundo melhor, se queremos uma sociedade melhor, essa sociedade melhor, esse mundo melhor, só será possível com a construção de pessoas melhores.

Não pessoas melhores em relação à pessoas com mais educação acadêmica, mas pessoas melhores em relação à pessoas com mais educação como gente, e como gente que preste, como gente com valores construtivos em relação ao mundo e em relação a vida em comunidade.

E esse é o papel fundamental da educação e também o papel fundamental da família na construção da pessoa e da sociedade.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

Conhecimento e Sabedoria

 

Você sabe o que é sabedoria?

Você acha que conhecimento e sabedoria são a mesma coisa?

Qual a relação entre o conhecimento e a sabedoria?

Como se constrói o conhecimento e como se desenvolve a sabedoria?

Pois bem, vamos pensar um pouco sobre as respostas para esses questionamentos.

As respostas encontradas podem nos trazer algum conhecimento sobre esse assunto, mas se vai contribuir para o desenvolvimento de alguma sabedoria sobre o assunto vai depender muito mais da forma como cada um vai acolher as reflexões elaboradas do que com os conteúdos que forem abordados.

Por que?

Porque isso já responde o primeiro questionamento, se o conhecimento e sabedoria são a mesma coisa.

E essa a resposta é fácil e todos nós percebemos isso na prática, no nosso cotidiano.

Se conhecimento e sabedoria fossem a mesma coisa, não teríamos um mundo tão complicado e tão ameaçador como o que estamos tendo agora.

Se conhecimento e sabedoria fossem a mesma coisa não teríamos um mundo com tanta desigualdade entre as pessoas.

Se conhecimento e sabedoria fossem a mesma coisa não teríamos um mundo com tanta agressão e tanta violência entre as pessoas.

Se conhecimento e sabedoria fossem a mesma coisa não teríamos um mundo com tantas guerras entre as nações.

Afinal, a humanidade nunca teve na sua história uma época com tanto conhecimento, com tanto desenvolvimento científico e tecnológico, mas também com tão pouca sabedoria.

Podemos dizer sem medo de errar que hoje temos a geração que mais construiu e acumulou conhecimento, em todos os sentidos.

Hoje desvendamos segredos do fundo do mar até as profundezas do universo.

Descobrimos os detalhes até das partículas subatômicas e de como a vida acontece, como a vida surge, como a vida se desenvolve e como a vida se relaciona com todo o resto, como a vida se relaciona e como depende do meio ambiente e como a vida se relaciona com todo o universo.

 Mas, o que fazemos com todo esse conhecimento?

E aí está a diferença entre o conhecimento e a sabedoria.

Conhecimento é o saber.

Conhecimento é o sabe sobre as coisas, sobre o mundo, sobre as pessoas.

Conhecimento é saber do que é feito o mundo.

Conhecimento é saber como funciona o mundo.

Conhecimento é saber como funciona a vida e como funciona o universo.

Sabedoria é saber o que fazer com todo esse conhecimento.

Sabedoria é saber aplicar o conhecimento adquirido para produzir mudanças.

Mudanças na própria vida; mudanças no meio onde vive; mudanças na comunidade; mudanças na sociedade; mudanças no mundo.

Mas que sejam mudanças que se traduzam em melhoria de qualidade de vida.

Melhoria na qualidade da própria vida e melhoria na qualidade de vida na comunidade onde vive, na sociedade e no mundo ao redor.

Agora fica mais fácil de descobrir qual a principal diferença entre o conhecimento e a sabedoria.

O conhecimento é saber sobre o mundo; conhecimento é saber sobre as pessoas, conhecimento é saber sobre a vida.

Sabedoria é saber se relacionar com o mundo; sabedoria é saber se relacionar com as pessoas; sabedoria é saber se relacionar com a vida.

E claro, a sabedoria começa quando se aprende a conviver consigo mesmo de forma harmoniosa, equilibrada e respeitosa.

Por essa razão falei no começo sobre a construção do conhecimento e o desenvolvimento da sabedoria.

Porque o conhecimento se constrói.

O conhecimento se constrói com a leitura. O conhecimento se constrói nas bancas escolares. O conhecimento se constrói com as pesquisas.

A sabedoria não se constrói. A sabedoria se desenvolve.

Você pode construir muito conhecimento ao longo da sua vida, mas pode não ter desenvolvido nenhuma sabedoria.

Como conhecemos tantas pessoas assim.

O conhecimento sem a sabedoria gera pessoas arrogantes, gera pessoas prepotentes, gera pessoas sem sentido de civilidade e de convivência com o outro, gera pessoas sem respeito ao outro.

A sabedoria se desenvolve com a vida.

A sabedoria se desenvolve com as experiências de vida.

A sabedoria se desenvolve principalmente com o que se aprende com as experiências de vida.

Exatamente por isso que vemos tantas pessoas com muito conhecimento e sabedoria zero.

Ao mesmo tempo que vemos tantas pessoas com pouco ou nenhum conhecimento, principalmente conhecimento acadêmico, mas com grande sabedoria de vida.

E não tem relação direta com a quantidade de anos vividos.

Encontramos muitos com cabelos brancos e pele enrugada, mas que não aprenderam nada da vida.

Ao mesmo tempo que também encontramos muitos jovens com grande sabedoria de vida.

Porque como já falei antes.

A sabedoria não só se desenvolve com os anos vividos. Mas a sabedoria se desenvolve com  a forma como os anos foram vividos e principalmente, a sabedoria se desenvolve com o que se aprendeu com os anos vividos.

E não é o que se aprendeu em relação ao conhecimento propriamente dito, mas o que se aprendeu em relação à como aplicar o conhecimento construído; à como se relacionar consigo mesmo; à como se relacionar com as pessoas e à como se relacionar com o mundo ao redor.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas