Os Perigos do Fanatismo e do Extremismo – Parte II

 

Na postagem anterior, abordamos aqui a questão delicada e também urgente da necessidade de se discutir o Radicalismo, o Fundamentalismo, o Extremismo, o Fanatismo.

Principalmente olhando para o fanatismo como o resultado de um pensamento e de uma forma de existir moldados pelo radicalismo, pelo fundamentalismo e pelo extremismo.

E hoje, vamos voltar ao assunto, fazendo uma tentativa de encontrar formas de se lidar com o problema, que afeta toda a sociedade e que tantos transtornos já causaram e continuam causando ao redor do mundo, inclusive no Brasil.

Falamos na postagem anterior que o fanatismo é tudo aquilo que leva o indivíduo ao exagero.

Ao exagero em todos os sentidos. Que seja em relação à forma como a pessoa lida com a sua religião, que seja na forma como a pessoa lida com a sua profissão, que seja na forma como a pessoa lida com a sua cidadania, que seja na forma como a pessoa lida com as outras pessoas, que seja na forma como a pessoa lida com a política, que seja na forma como a pessoa lida com o mundo.

E principalmente, na forma como a pessoa enxerga o mundo e a realidade a sua volta, que, de certa forma, cria uma venda que lhe impede de enxergar outras realidade além da realidade criada por ele mesmo ou por grupos ou ideologias que o mesmo faça parte.

O fanatismo também tem a ver com a forma como a pessoa atua, as vezes até com atitudes e ações extremistas, com a intenção de impor a sua verdade e a sua forma de enxergar a realidade para as outras pessoas, como se a sua verdade fosse a única existente.

E essa forma de atuar da pessoa acometida de comportamentos relacionados ao fanatismo  talvez seja o maior obstáculo para o enfrentamento desse problema.

Mostrar outras realidades além da sua, ao indivíduo acometido pelo fanatismo, geralmente não surte efeito, porque, no fanatismo, a lógica e o senso crítico costumam ser comprometidos, o que faz o indivíduo acometido pelo fanatismo perder a capacidade de enxergar outras realidades além da sua, mesmo que lhe seja apresentado argumentos sólidos e comprovados.

Por essa razão, bater de frente com um indivíduo acometido por comportamentos ligados ao fanatismo, além de não surtir nenhum efeito, costuma ser motivo para a criação e para o acirramento de discussões, conflitos a até agressões e mortes.

Como também já falamos na postagem anterior, indivíduos com comportamentos relacionados ao fanatismo, costuma não apenas criar graves problemas para si mesmo como também costuma criar problemas para as pessoas ao seu redor e em muitos casos criar problemas para toda a sociedade.

E então, existe uma fórmula para lidar com essa questão?

Não.

Porém, podemos encontrar alguns comportamentos que podem contribuir para a construção de formas de conviver com o problema do fanatismo, com o mínimo de prejuízos possível, para o indivíduo acometido pelo fanatismo, para as pessoas que convivem com ele e para a sociedade.

Na questão pessoal, como uma forma de evitar ou de amenizar os efeitos da convivência com uma pessoa acometidas por comportamentos relacionados ao fanatismo, até como uma forma de proteção e de manutenção da própria saúde emocional, mesmo não sendo fácil, mas um caminho saudável é procurar ignorar e não valorizar os comportamentos do indivíduo com comportamentos ligados ao fanatismo.

Como falei na postagem anterior, o melhor combate ao fanatismo é o conhecimento. Mesmo que não seja um combate fácil, uma vez que o fanático tem dificuldade em escutar e principalmente em aceitar qualquer coisa que seja contra a sua forma de enxergar e de interpretar o mundo.

O conhecimento, principalmente de forma que possa levar o fanático à perceber outra realidade além da sua forma limitada de enxergar a vida e o mundo.

Essencial também a necessidade de que o fanático aprenda a enxergar o outro, o fanático aprenda a respeitar o limite do outro, o fanático aprenda a respeitar a opinião do outro, o fanático aprenda a respeitar a existência do outro.

Para isso, um caminho é buscar formas de crescimento espiritual.

Não o crescimento espiritual com a visão que crescimento espiritual é o mesmo que engajamento religioso.

Religiosidade não é o mesmo que espiritualidade.

Religiosidade é a prática de alguma religião, independente de qual seja a religião.

O que também tem uma importância muito grande na vida de qualquer pessoa, desde que seja com equilíbrio.

Espiritualidade independe de religião. Espiritualidade tem a ver com a forma como a pessoa enxerga e vive a sua vida, tem a ver com a forma como a pessoa se relaciona com as outras pessoas, tem a ver com a forma como a pessoa se relaciona com mundo a sua volta. Independente de qual seja a sua religião, ou até mesmo que não tenha nenhuma religião.

Até porque, a espiritualidade não significa a prática de nenhuma religião, e sim, o respeito em relação à todas as religiões, e consequentemente, o respeito em relação à todas as pessoas e à todas as formas de vida.

Construir um sentido para própria vida também é essencial para que um indivíduo acometido de comportamentos relacionados ao fanatismo encontre um caminho para assumir os comandos da sua vida e não fique a mercê de líderes carismáticos que costumam se apropriar dos destinos de pessoas mais fragilizadas.

Para isso é necessário construir o conceito de responsabilidade pessoal, a necessidade da pessoa de assumir a responsabilidade sobre a própria vida, buscando formas e caminhos que possam contribuir para a transformação ou para a construção da própria vida, da realização dos próprios sonhos e objetivos, não atribuindo essa obrigação à terceiros, como costuma acontecer em indivíduos acometidos por comportamentos relacionados ao fanatismo, que acabam por esperar de forma incondicional que outros decidam os seus destinos.

Junto com a responsabilidade pessoal vem também o conceito de responsabilidade social. Que diz respeito ao compromisso que cada um tem de construir a sua própria vida, mas também a responsabilidade de contribuir para a construção da vida da comunidade e de toda a sociedade. Mas isso não de acordo com a sua visão limitada, dentro das suas verdades, e sim, respeitando a verdade de cada um, respeitando a forma de existir de cada um.

Esses conceitos, e muitos outros, são necessários para se combater o fanatismo, e todos os esforços, claro, devem ter como alicerce, a aplicação da inteligência emocional.

Já falei na postagem anterior, mas não custa nada repetir.

Lutar contra o radicalismo deve ser um compromisso de todos.

Lutar contra o fundamentalismo deve ser um compromisso de todos.

Lutar contra o extremismo dever ser um compromisso de todos.

Lutar contra o fanatismo deve ser um compromisso de todos.

Porque, como estamos cansados de constatar.

O radicalismo mata,

O fundamentalismo mata,

O extremismo mata,

O fanatismo mata.

A inteligência emocional deve estar presente em todas as escolhas, decisões, ações e formas de existir do indivíduo, pois ela, a inteligência emocional, é o que pode contribuir para o equilíbrio na forma do indivíduo atuar no mundo.

Logo, pode-se perceber que um indivíduo acometido de comportamentos relacionados ao fanatismo, provavelmente tem um déficit no seu equilíbrio emocional. Razão pela qual o conceito de inteligência emocional deve ser trabalhado e aplicado em todas as situações.

Como a inteligência emocional é um conceito bastante abrangente, vamos abordar esse assunto nas próximas postagens.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

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