Os Perigos do Fanatismo e do Extremismo

 

Radicalismo, Fundamentalismo, Extremismo, Fanatismo.

São palavras que temos ouvido constantemente nas mídias, principalmente nos noticiários, já a algum tempo, e não só falando de Brasil, mas falando de Brasil e falando de mundo.

Parece que o extremismo e o radicalismo estão em alta ao redor do mundo, em diversos países e regiões e de diversas maneiras. E muito desse extremismo e desse radicalismo tem as suas raízes plantadas a partir do fanatismo, a partir do fundamentalismo na forma de enxergar o mundo e na forma de enxergar a realidade.

Para que possamos construir um raciocínio a respeito desse quadro, é necessário o conhecimento a respeito de alguns conceitos e um pouco de visão geral sobre o papel do fanatismo, do fundamentalismo, do radicalismo, do extremismo, presente sempre na história da civilização humana.

Em diversos momentos da história e em diversos lugares do planeta, tivemos e ainda temos exemplos das várias formas como o fanatismo, o fundamentalismo, o radicalismo, o extremismo, são formas de existir que provocam muito sofrimento, perseguição, desentendimentos, conflitos, revoluções, guerras, mortes.

Na sua essência, as vezes até parece que o homem como espécie, não evoluiu nada, no quesito evolução enquanto espécie. As vezes até temos a impressão que estamos na verdade involuindo, como espécie.

E o que é o radicalismo? O que é o fundamentalismo? O que é o extremismo? Qual a relação do fanatismo com esses comportamentos?

Em poucas palavras, podemos dizer que o radicalismo tem a ver com posições, ideias e pensamentos rígidos, inflexíveis, resistentes à mudanças.

Geralmente, essas posições, ideias e pensamentos radicais, além de conservadoras, também costumam ter um caráter autoritário e costumam ter a pretensão de impor a sua verdade ao outro.

O fundamentalismo tem relação com correntes de pensamentos que pregam obediência rigorosa, literal, não questionável, a um conjunto de normas, leis ou princípios fundamentais, principalmente ligados à religião, ligados à política, ligados à educação, e em várias outras instâncias da vida humana.

O extremismo, como o próprio nome sugere, é a existência de pensamentos, opiniões, religiões, políticas, formas de existir, que tenham na sua fundamentação, formas extremadas de enxergar o mundo, formas extremadas de interpretar o mundo, formas extremadas de agir no mundo. Geralmente, o extremista age com ações extremistas e agressivas, que têm como objetivo atacar ou até destruir tudo e todos que pensem ou que sejam diferentes das suas ideias rígidas sobre a vida o mundo e as pessoas.

O fanatismo, podemos dizer que é a tradução do radicalismo, do fundamentalismo, do extremismo, em formas de ser, em formas de existir, em formas de agir no mundo.

O fanatismo, em poucas palavras, podemos dizer que é tudo aquilo que leva o indivíduo ao exagero. Ao exagero em todos os sentidos. Que seja apenas na sua forma de ser e de existir, que seja na forma como exerce a sua religião, que seja na forma como lida com as pessoas, que seja na forma como lida com a sua cidadania, que seja na forma como lida com a política, que seja na forma como lida com o mundo.

Algumas correntes da psicologia afirmam que o fanatismo surge a partir da necessidade que o indivíduo tem de buscar segurança, exatamente pelo sentimento de insegurança que lhe é próprio.

Essas correntes da psicologia também afirmam que o fanatismo diz respeito à um excesso de admiração cega e incondicional, em relação à alguma coisa, alguma pessoa, algum pensamento, alguma ideologia, etc.

E que, geralmente, o fanatismo se expressa através de discursos de ódio, cheios de radicalismos e extremismos, baseados em pensamentos fundamentalistas, como uma espécie de obsessão descontrolada por um conceito, um personagem, uma ideologia, uma pessoa, um pensamento.

Geralmente, o fanatismo é intolerante com tudo o que é contra a sua forma de enxergar e de existir. E muitas vezes, essa intolerância pode se traduzir em ações agressivas e drásticas.

Geralmente, essa forma de se expressar do fanatismo, fatalmente, acaba por produzir prejuízos nos vários setores da vida daqueles que assim agem, as vezes produzindo prejuízos graves ou até mesmo dramáticos. Como também, costuma produzir prejuízos para aqueles que convivem com pessoas acometidas de comportamentos relacionados ao fanatismo.

Segundo a psicologia, algumas características são observadas nos indivíduos acometidos por formas de existir relacionadas ao fanatismo, entre elas podemos encontrar:

A agressividade, o preconceito, a dificuldade em escutar, o ódio, a visão de luta entre o bem e o mal, a estreiteza mental, a falta de empatia, a dificuldade de diálogo. E claro, diante disso tudo, a sua forma de ser, de enxergar o mundo, de existir no mundo, é vista como a única correta e verdadeira, o que lhe dá o direito, ou até a missão, de lutar contra tudo o que é diferente, e a qualquer custo, impor a sua forma de enxergar o mundo e a vida.

O fanatismo não é um perigo apenas para a pessoa acometida de comportamentos relacionados ao fanatismo, mas para todos os que estão a sua volta e para toda a sociedade. A pessoa acometida de comportamentos fanáticos, muitas vezes, torna-se perigoso, porque tende a reunir grupos, que têm como objetivo principal combater ou até mesmo exterminar quem pensa diferente do grupo.

E quando isso acontecece, a criação de grupos de pessoas motivados por questões relacionadas à algum tipo de fanatismo, em muitos casos, como tantas vezes ocorridos em tantas ocasiões registradas pela história, esses grupos se transformam em verdadeiras seitas, que é quando grupos de pessoas passam a serem guiados por uma espécie de realidade paralela, rompendo com o mundo real, e tendo os seus pensamentos e as suas ações guiadas por um líder escolhido, que passa a exercer o papel de guru do grupo.

Não podemos negar que estamos presenciando a cada dia fatos que mostram o quanto a nossa sociedade está adoecida. A falta de empatia com o sofrimento do outro. A intolerância. O feminicídio. O acirramento político. A falta de valores que contribuam para o bem comum.

Comportamentos fanáticos podem deixar a pessoa mais suscetível a alguns fatores de risco para saúde mental. Por exemplo, quem se juntou a um culto e acredita firmemente na superioridade de um líder pode ficar mais exposto ao abuso físico, abuso moral, abuso financeiro ou abuso sexual.

Ultimamente até vimos nos noticiários diversos casos que comprovam essa constatação.

Lutar contra o radicalismo deve ser um compromisso de todos.

Lutar contra o fundamentalismo deve ser um compromisso de todos.

Lutar contra o extremismo dever ser um compromisso de todos.

Lutar contra o fanatismo deve ser um compromisso de todos.

Porque, como estamos cansados de constatar.

O radicalismo mata,

O fundamentalismo mata,

O extremismo mata,

O fanatismo mata.

Como a questão do fanatismo é bastante abrangente e também de grande importância discussões a respeito desse assunto, na próxima publicação voltaremos ao tema, dessa vez abordando formas de lidar com esse problema.

sou Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

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