O luto é a dor da perda.
O luto, como processo, é o
sentimento surgido diante de qualquer perda: da perda de um ente-querido; da
perda de um emprego; da perda de um objeto; de um projeto fracassado; de um
relacionamento terminado; de um sonho que não se tornou realidade.
O luto sempre traz consigo
sentimentos de negação,tristeza, raiva, revolta, culpa, arrependimento, vazio e
saudade.
Negação, por não aceitar que
a perda aconteceu;
Tristeza pela falta do que
foi perdido;
Raiva por ter perdido;
Revolta, por ter sofrido a
perda;
Culpa, por pensar no que
poderia ter feito para não ter perdido;
Arrependimento por não ter
agido diferente quando teve oportunidade;
Vazio, pelo espaço deixado
pelo que se foi;
Saudade, pela falta do que
se foi.
O luto pode também ser
sentido fisicamente: como uma dor ou peso no peito, a exaustão ou cansaço excessivo;
a ansiedade; dificuldade para dormir; perda do apetite.
O luto pela perda de alguém querido
é como uma ferida: sangra no início, dói, e, com o tempo, vai fechando. Mesmo
que seja um processo lento e doloroso.
A dor do luto é único para cada
pessoa. Cada um sente e expressa de uma forma diferente. A forma utilizada para
expressar a dor do luto é a maneira que cada um utiliza para encontra o alívio
para a dor.
Parar a vida por causa do
sofrimento é que é um caminho perigoso, que pode até afetar a saúde e a
sobrevivência da pessoa enlutada. Podendo causar um isolamento da pessoa do
meio familiar, social ou profissional.
A perda de um ente-querido é
como perder parte do próprio corpo.
O tempo passa, a dor se
transforma em saudade, mas sempre fica o sentimento de que esta faltando algo
na vida.
Existe algumas etapas que a pessoa precisa processar
para elaborar o sentimento de luto:
Choque.
A pessoa não acredita que a perda aconteceu;
Negação.
A pessoa não aceita que aconteceu a perda; procura se apegar a coisas e fatos
que mantém a pessoa que se foi presente; pensa em situações que a pessoa que se
foi poderia está presente; até começar a aceitar a realidade da perda.
Sofrimento
pela perda. Quando surgem os sentimentos de culpa, momentos de depressão,
ansiedade, solidão, podendo apresentar os sintomas físicos, afasta-se das pessoas
e deixa de cumprir a sua rotina normal.
Aceitação.
Começa a perceber que a vida continua; começa a se ajustar á realidade da perda
e a sua vida com a realidade da perda; descobre novos horizontes na sua vida; começa
a desenvolver atitudes positivas e construtivas.
No enfrentamento do
sentimento do luto é essencial manter a vontade de viver.
É natural o sentimento de
que a vida não tem mais nenhum sentido quando se perde uma pessoa muito
próxima. Mas, é necessário se perceber que, o sentimento de perda de sentido da
vida, pode ser superado exatamente se procurando colocar mais sentido na vida,
e que, se a vida vai durar muito ou pouco, não é a sua duração que fará a
diferença, e sim, o que se fará com o tempo de vida que resta.
Com o passar do tempo e com
a reorganização da vida, reconstruindo a vida procurando preencher o o espaço
deixado pela pessoa que se foi, aos poucos, a dor da perda vai se transformando
em saudade.
A perda de alguém próximo é
uma experiência de humildade, quando aprendemos a dominar a arrogância,
entendendo que não temos nenhum controle sobre a vida.
Quando existe a dificuldade
na retomada da vida, após a vivência do processo do luto, se faz necessário a
procura de um profissional que ajude a pessoa a aceitar a perda, aceitar a
realidade da morte e a reconstruir novos valores para a sua vida.
Na superação do sentimento
de luto, é necessário se trabalhar a conscientização de que as coisas nunca
mais voltarão ao normal, pelo menos, não da mesma forma como era antes. É
necessário que a pessoa se acostume com a ausência do que partiu.
Por que o título "luto, a dor da vida que continua" ?
Porque, na verdade, a dor do
luto não é pela pessoa que partiu, e sim pela pessoa que ficou.
O sentimento do luto é a dor
de ter que continuar vivendo sem a presença da pessoa que se foi.
Portanto, o luto não é um
sentimento do que se vai, e sim, o sentimento do que fica, justificando o
título “luto: a dor da vida que continua”. Porque, mesmo com a falta do que se
foi, a vida sempre continua.
E, como o luto é a dor da vida que continua, podemos pensar
nesse sentimento não como um sentimento de morte, mas como um sentimento de
vida.
Podemos perceber que a dor
da perda de uma pessoa próxima é tão mais forte quanto menos fizemos para que a
pessoa que se foi tivesse uma vida mais agradável e satisfatória.
Depois que a pessoa se vai,
pensar no que poderia ter feito diferente: além de impossível, pois a morte é
definitiva e não tem segunda chance, é também um fator que potencializa o
sofrimento.
Dessa forma, devemos sempre
ter a certeza de que não sabemos quanto tempo teremos ao nosso lado as pessoas
a quem amamos, e devemos procurar viver esse tempo o melhor possível, fazendo o
melhor possível pelos que amamos.
Quando perdemos pessoas
próximas e temos a certeza que vivemos com elas o melhor que podíamos ter
vivido, o enfrentamento do processo do luto se torna mais suave e menos
sofrido, pelo sentimento de que fizemos o nosso melhor.
Como sempre, diante de
qualquer situação, até mesmo diante da perda de pessoas que amamos, o que fará
a diferença é a certeza de que fizemos o nosso melhor.
Gilson Tavares
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