A tolerância à frustração e os atos violentos

 

Infelizmente, um tema que sempre esteve presente nos meios de comunicação, principalmente nas páginas policiais, é o tema da violência. Porém, não tem como não reconhecer que nos últimos tempos, o tema da violência está cada vez mais presente nos noticiários e cada vez mais com altas doses de brutalidade e de perversidade.

É a violência doméstica, é o feminicídio, são as agressões no trânsito, são as brigas de bar, é a violência política, inclusive até a violência por motivos religiosos.

Com um agravante. E um agravante muito sério e preocupante. O crescente aumento do nível de agressividade das pessoas. Pequenas discussões, muitas vezes por motivos totalmente banais, levam à um desfecho trágico e muitas vezes levam à um desfecho fatal.

Deixando um sentimento de total banalização da violência. Deixando um sentimento de total banalização da vida. Mata-se por qualquer contrariedade.

Parecendo um retorno à barbárie. Um retorno ao uso da força e da violência para resolver todas as questões e desentendimentos. Parecendo um retorno ao uso dos instintos mais primitivos e irracionais. Parecendo a liberação da agressividade na sua forma mais pura.

São assassinatos, por meios covardes, cruéis e desumanos, por não aceitar uma rejeição. São assassinatos, com altas doses de agressividade, por motivos banais, por motivos totalmente irrelevantes, mas que levam à respostas desproporcionais e violentas. São assassinatos por motivos políticos. São assassinatos por motivos religiosos. São assassinatos por dinheiro.

Realmente, a banalização da vida. Como se a vida não tivesse nenhum valor.

Inclusive, como se a própria vida também não tivesse nenhum valor.

As pessoas que cometem esses atos de extrema selvageria e violência, parece que perderam a noção do depois. Perderam a noção do momento seguinte. Perderam a noção do raciocínio. Como se o depois não importasse.

E por essa razão, cometem atos dos mais cruéis com outras pessoas, e, ao mesmo tempo, constroem para si próprio, para a própria vida, um depois muito difícil de ser vivido e muitas vezes até insuportável.

Essas pessoas perdem a noção de que a vida é feita de um dia depois do outro.

E perderam a noção, ou não se importam, de como serão os dias seguintes das suas vidas.

E para piorar, as principais motivações que levam as pessoas à cometerem atos de selvageria, as principais motivações que levam as pessoas à cometerem atos de violência, são motivações relacionadas à intolerância a frustração.

A intolerância à frustração está presente na maioria dos casos de desentendimentos entre as pessoas. A intolerância à frustração está presente na maioria dos casos de agressões por motivos banais. A intolerância à frustração está presente na maioria dos casos de violência extrema.  

Aprender a lidar com a frustração é um processo muito importante e necessário para a construção da pessoa. Aprender a lidar com a frustração é um processo muito importante e necessário para a construção da personalidade. Aprender a lidar com a frustração é um processo muito importante e necessário para que a pessoa aprenda a lidar com os desafios da vida. Aprender a lidar com a frustração é um processo muito importante e necessário para que a pessoa aprenda a lidar com os desafios do mundo.

Na vida, independente do contexto social, do contexto econômico, da localização geográfica, das preferências ideológicas, das crenças religiosas, e de tudo mais o que nos faz ser uma pessoa única, a frustração vai estar presente em vários momentos da nossa vida.

Por essa razão, aprender a lidar com as perdas, aprender a lidar com a decepção, aprender a lidar com os desejos não realizados, aprender a lidar com a frustração, é de total importância para a construção da maturidade e para a construção de uma personalidade saudável e equilibrada.

Uma pessoa que parte para a agressividade por não saber lidar com a frustração de não ter os seus desejos realizados comprova ser uma pessoa que não tem o mínimo de maturidade. Comprova ser uma pessoa que não tem o mínimo de equilíbrio emocional. Comprova ser uma pessoa que não está preparada para enfrentar os desafios da vida.

Saber perder é uma grandeza de caráter. Saber perder é uma demonstração de equilíbrio. Saber perder é uma demonstração de sabedoria.

Se uma pessoa não aprende que a vida é uma sucessão de perdas e ganhos, se uma pessoa não aprende que a vida é uma sucessão de momentos de comemoração e de momentos de lamentação, se uma pessoa não aprende que a vida é uma sucessão de momentos de alegria e de momentos de tristezas, da mesma forma essa pessoa não vai saber lidar com os momentos de frustração.

Pessoas imaturas, despreparadas para lidarem com a frustração, são parecidas com pessoas portadoras do transtorno bipolar, que têm dificuldade para lidar com momentos de euforia e com momentos de tristeza. Assim, extrapolam nas atitudes quando em momentos de alegrias e extrapolam nas atitudes quando em momentos de tristezas.

Pessoas imaturas são despreparadas para enfrentar os desafios da vida, principalmente em momentos de adversidades.

Aceitar a vida como ela é, é sinal de maturidade e de sabedoria.

Aprender formas saudáveis de lidar com as adversidades é sinal de maturidade e de sabedoria.

Aprender a lidar com as perdas é sinal de maturidade e de sabedoria.

Aprender a lidar com a frustração é sinal de maturidade e de sabedoria.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

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