Quem está no comando das nossas escolhas e das nossas atitudes

 

Será que nós estamos realmente, de forma consciente, no comando dos nossos pensamentos, no comando dos nossos sentimentos e assim, no comando das nossas decisões e no comando das nossas atitudes?

Será que podemos escolher, de forma consciente, os nossos pensamentos, os nossos sentimentos e as nossas escolhas e atitudes?

Será que podemos, de forma consciente, lidar com os nossos sofrimentos e não permitir que os nossos sofrimentos interfiram na nossa vida cotidiana?

De acordo com pesquisas de diversos neurocientistas, em vários estudos realizados, nós não estamos realmente no comando das nossas decisões e atitudes.

Esses estudos confirmam a teoria do pai da psicanálise, Sigmund Freud, que já dizia sermos regidos pelo inconsciente.

Sendo assim, a ação do processo terapêutico, com a aplicação de técnicas apropriadas da psicanálise, age diante do sofrimento humano, exatamente fazendo um mergulho no inconsciente, garimpando as experiências vividas pela pessoa e que podem ser geradoras do sofrimento.

O processo psicanalítico não busca uma forma de apagar as experiências vivenciadas que foram causadoras de sofrimentos, mas, junto com a pessoa, dona das experiencias vivenciadas e dona dos sofrimentos gerados por essas experiências, busca caminhos de ressignificação dos sentimentos em relação às experiências vivenciadas. Ou seja, é impossível apagar da memória as experiências vividas, mas é possível mudar a visão dessas experiências, mudando assim também os sentimentos em relação às experiências causadoras de sofrimentos.

O primeiro olhar sobre o resultado dessas pesquisas das neurociências, que dizem não estarmos no comando das nossas escolhas e das nossas atitudes, mas que o cérebro decide por nós, de forma praticamente automática, parece uma condenação, ou uma liberação da culpa e da responsabilidade sobre as escolhas e sobre as atitudes.

Sendo assim, fica fácil justificar os nossos sentimentos, fica fácil justificar as nossas atitudes, uma vez que não temos controle sobre os mesmos, não é?

Porém, não é tão simples assim. Apesar do nosso cérebro praticamente decidir por nós de forma praticamente automática as nossas escolhas e as nossas atitudes, isso não nos tira a responsabilidade sobre essas escolhas e sobre essas atitudes.

Mesmo o cérebro agindo automaticamente, decidindo por nós, sem a interferência de processos conscientes, isso não acontece de forma totalmente aleatória.

Fazendo uma analogia com um sistema de informática, o computador decide automaticamente roteiros e caminhos a serem seguidos, mas não é de forma aleatória, o computador tem como base para as suas decisões, os dados e os parâmetros armazenados em arquivos. Assim também o nosso cérebro. Para nortear as suas decisões, mesmo que de certa forma automática, o cérebro faz uso de informações e de valores contidos nos circuitos neurais, juntamente com as características de personalidade, herdadas geneticamente e construídas com os aprendizados acumulados através das experiências vivenciadas, para direcionar as suas decisões.

Então, não é totalmente aleatório. Não estamos livres das responsabilidades sobre as nossas escolhas e sobre as nossas atitudes.

Considerando que não haja falha na estrutura cerebral e que não haja falha de caráter, isso significa que, ao mesmo tempo que não temos controle sobre o inconsciente, que determina os nossos sentimentos, que determinam as nossas escolhas e que determinam as nossas atitudes, podemos sim, influenciar de forma direta e consciente a forma como o nosso cérebro age para impulsionar as nossas escolhas, a forma como o nosso cérebro age para impulsionar as nossas atitudes.

De que forma?

Se o que influencia as tomadas de decisões do nosso cérebro são as informações e os valores que armazenamos e que cultivamos ao longo da nossa vida, então, podemos mudar a qualidade das nossas escolhas, podemos mudar a qualidade das nossas decisões, mudando a qualidade das informações que armazenamos, mudando a qualidade dos valores que construímos, mudando a qualidade dos pensamentos que alimentamos.

Sendo assim, percebemos como é importante o cuidado com a qualidade das informações que consumimos, como é importante o cuidado com a qualidade dos valores que construímos, como é importante o cuidado com a qualidade dos pensamentos que alimentamos, pois, serão essas informações e serão esses valores que vão determinar a qualidade das nossas escolhas, serão essas informações e serão esses valores que vão determinar a qualidade das nossas atitudes.

Como todos já sabemos, são as nossas escolhas e as nossas atitudes que constroem a nossa vida.

Todos já sabemos também que a qualidade das informações que consumimos, a qualidade dos valores que construímos, a qualidade dos pensamentos que alimentamos, são determinantes para a qualidade das nossas escolhas e das nossas atitudes.

Então. Sendo assim e resumindo. Precisamos prestar muita atenção na qualidade das informações que consumimos, precisamos prestar muita atenção na qualidade dos valores que construímos, precisamos prestar muita atenção na qualidade dos pensamentos que alimentamos.

Pois disso depende totalmente a qualidade da vida que estamos construindo.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

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