O amor na ciência e a ciência do amor

 

Mês de maio é também conhecido como mês das noivas. Por ser um mês que costuma ser escolhido por muitos para realizarem os seus casamentos.

É então também um bom momento para uma reflexão sobre casamento, sobre união, sobre companheirismo, sobre o amor.

O sentimento que une os casais é tão presente e comum na vida das pessoas que poucas vezes nos perguntamos o porquê da sua existência.

Qual a importância desse sentimento para a vida das pessoas?

Qual a razão da sua existência e a sua importância para a sobrevivência da espécie humana?

Qual a ciência por traz desse sentimento que chamamos de AMOR?

De acordo com a biologia evolutiva, o vínculo criado por casais apaixonados garante a segurança da espécie. Focado na sua família, o homem gasta energia em mantê-la bem provida, oferecendo todas as oportunidades para que seus filhos cresçam e perpetuem sua carga genética.

Para unir o casal, o cérebro se inunda desse sentimento que chamamos de amor, ou seja, há um aumento na liberação dos hormônios dopamina e norepinefrina, liberados pela ocitocina, neurotransmissor que atua no sistema de recompensa do corpo humano e induz sensações de prazer. São eles que causam todas as sensações típicas da paixão, como a insônia, o frio na barriga e pensamentos obsessivos em relação à pessoa amada.

Quando falamos rolou uma química. Literalmente, rolou mesmo uma química na cabeça das pessoas apaixonadas.

Ainda de acordo com a biologia evolutiva, passado o rompante da paixão, outro hormônio entra em ação: a oxitocina. É a oxitocina que faz com que os casais criem vínculos, evoluam para o sentimento de amor romântico, e continuem juntos por anos a fio.

É a oxitocina que nos faz focar a atenção no parceiro. É nosso organismo quem ajuda a escolher por quem nos apaixonamos. Enquanto os homens tendem a procurar mulheres com o quadril largo, característica vinculada à progesterona, que sinaliza uma boa fertilidade, as mulheres procuram um homem que transpire sucesso e segurança.

Os dois caçam ainda alguém com um sistema imunológico diferente do seu. A variabilidade nos sistemas imunológicos garante o sucesso da espécie e evita anomalias do cruzamento entre parentes.

Mas, por mais que você saiba que o hormônio dopamina que corre no seu corpo é o que te faz sentir frio na barriga, você ainda vai sentir o coração pular no peito, vai curtir o primeiro beijo, vai curtir a presença da pessoa amada, vai sentir a sua falta quando está longe, e todas essas coisas que a ciência não explica.

Afinal, somos seres emocionas, e, além da fisiologia, que tem a sua importância também para o surgimento dos sentimentos, são as emoções que regem a nossa vida, e elas, as emoções, a ciência ainda não consegue explicar de forma completa.

Para o psiquiatra Wimer Bottura, autor do artigo “Amar nos torna mais felizes”, publicado no jornal O POVO online, o amor de verdade, no entanto, é um pouco mais complexo do que uma pilha de fórmulas e equações. São os relacionamentos entre os amantes os responsáveis por determinar se aquela paixão é mais do que fogo de palha e se ela é realmente capaz de trazer a tal da felicidade duradoura a alguém.

Segundo ele, no amor de verdade, a pessoa já tem as suas necessidades supridas e busca algo que a complemente, ao invés de apenas preencher uma carência.

Ele diz também que o amor é o encontro consigo mesmo através do outro, e é esse encontro entre os apaixonados uma das principais fontes de felicidade humana. Amar ao outro é amar a si mesmo. Amar ao outro é sair de si, projetando-se para fora do ‘eu centralizador’.

Maria de Lourdes Borges, autora do livro Os Caminhos Filosóficos do Amor, explica três tipos de amor, academicamente obedecendo a uma denominação grega:

O amor Eros é o mais cantado em prosa e verso, o de maior sucesso na literatura, no teatro, cinema e nas artes em geral. É amor romântico.

O amor tipo Philia é mais próximo do amor definido por Aristóteles, percebido como o desejo de partilhar a companhia do outro, o desejo de querer o bem do outro.

O amor Caritas, também condicionado ao desejo do bem do outro.

Deixando a ciência e a filosofia de lado, sabemos que para amar alguém, não precisamos realmente saber de todas essas coisas, basta apenas saber que amar é querer sempre o bem para a pessoa amada.

Amar é aceitar que todos temos um passado e que ele serviu para construir a pessoa que somos hoje.

Amar é saber construir o presente junto com a pessoa amada e contribuir para a construção de um futuro juntos.

Amar é contribuir para o crescimento e para o desenvolvimento do outro.

Amar é, não apenas desejar, mas é também contribuir para o bem do outro.

Amar é saber que um relacionamento saudável precisa ser construído alicerçado em sentimentos como o companheirismo, a cooperação, a atenção, o cuidado, e principalmente o respeito.

Amar é saber que qualquer relacionamento precisa ser cultivado com gestos e com atitudes e não apenas com palavras.

Amar é saber que na manutenção de qualquer relacionamento precisa está presente, ao mesmo tempo, o sentimento de partilha e de compartilhamento da vida e dos momentos, mas não esquecendo que o relacionamento é constituído por pessoas, que é preciso também aprender a respeitar a individualidade de cada um.

Algumas palavras precisam estar sempre presente em um relacionamento, entre elas:

A compreensão, a tolerância, o perdão, a gratidão.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

 

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