O mês de maio, entre outras coisas, é visto como o mês dedicado às mães. O mês que tem campanhas nos mais diversos segmentos da sociedade, lembrando o papel e a importância das mães. Mês que também tem grande movimento comercial, em função dessa data tão especial.
Embora que, é importante uma data para reverenciar esses seres tão especiais? Claro que sim. Mas, mais importante ainda é reconhecer, todos os dias, em todos os momentos e em todas as situações, o papel fundamental das mães. Uma vez que são elas as responsáveis pela continuidade da vida, claro que com a contribuição não menos importante do papel do pai. E que, juntos, pais e mães, têm a grande missão, não de apenas colocar pessoas no mundo, mas de construir pessoas que aprendam o seu papel e a sua importância no mundo, o seu papel e a sua importância na formação da sociedade.
Porém, como estamos no mês de maio, um mês dedicado também às mães, o objeto hoje é falar sobre o papel da mãe na formação da pessoa e na formação da personalidade.
Você sabia que a qualidade da relação entre a mãe e o seu bebê, desde os primeiros dias de vida, é de fundamental importância para determinar a forma como esse bebê, a forma como essa pessoa em construção, vai se relacionar consigo mesmo, a forma como vai se relacionar com as pessoas e a forma como vai se relacionar com o mundo ao seu redor?
Pois é. A qualidade da relação entre a mãe e o seu bebê vai ter grande influência na formação da pessoa, durante toda a sua vida. E vai ter grande influência na forma como a pessoa vai atuar no mundo e com as pessoas, também durante toda a sua vida.
A personalidade de uma pessoa, ou seja, o jeito de ser de uma pessoa, é uma construção pessoal, que ocorre principalmente nos primeiros anos da nossa vida e é um processo dinâmico, que sofre influências de diferentes fatores.
A personalidade é formada a partir da soma dos traços do interior da pessoa, formados a partir dos genes particulares que a pessoa herda dos seus ancestrais, somado com as experiências existenciais singulares que cada pessoa vivencia e somado com as percepções individuais que cada pessoa tem do mundo ao seu redor e com as percepções que cada um tem de si mesmo.
Tudo isso, colocado em um balaio só, é que vai funcionar para tornar cada pessoa um ser único. Cada pessoa um ser único na sua maneira de ser e na forma de desempenhar o seu papel em todos os palcos da vida.
O vínculo entre a mãe e o seu filho, formado desde a gestação e nos primeiros tempos de vida da criança, é a fonte inicial de onde irão se construir, com o passar do tempo, todos os futuros vínculos que irão se estabelecer pela criança e irão influenciar todas as relações a serem formadas durante todo o curso de vida do indivíduo.
Para toda a vida, a força e a qualidade do vínculo formado entre a mãe o seu filho, influenciará na vida da criança, sobre a qualidade de todos os futuros vínculos que serão estabelecidos com as outras pessoas de seu convívio e sobre a sua forma de agir e de reagir nas diversas situações e nos diversos ambientes em que o indivíduo transitar durante toda a sua vida.
O comportamento de apego, surgido na relação entre a mãe e o bebê, além da função de proteção, propicia ao bebê uma série de interações sociais que colaboram para um desenvolvimento saudável da criança, além de lhe proporcionar oportunidades de treinar seus comportamentos sociais e de aprender a lidar com as modificações ocorridas no meio ambiente onde vive.
Assim, é graças a esta proximidade entre a mãe e o seu bebê, que o mesmo terá oportunidades de ver e de explorar o mundo de uma maneira segura, e assim, desenvolver seu cérebro, aprender com os outros de sua espécie, sentir-se parte da espécie e sentir-se seguro, a partir do amor de seus pais.
Quanto mais forte o vínculo inicial entre a mãe e o seu bebê, maior a probabilidade de a criança tornar-se independente no futuro, pois é o apego seguro que permite a criança aventurar-se de maneira confiante no mundo.
A mãe tem uma importância fundamental no processo de formação do vínculo entre a mãe e o bebê, pois a interação não acontece apenas de um dos lados. Tanto a mãe quanto a criança se auto-estimulam, a partir do contato que estabelecem entre eles.
Um vínculo bem formado entre a mãe e o seu bebê, vai proporcionar à criança, sentimentos de segurança e de bem-estar, e por isso, este laço afetivo tem que ser estável e harmônico.
O vínculo entre a mãe e o bebê é de importância vital já para o feto, pois ele precisa se sentir desejado e amado, para propiciar a continuação harmoniosa e saudável de seu desenvolvimento.
Com a maturação, o bebê começará a ter condições de substituir a mãe concreta pela capacidade de recriá-la em suas fantasias e brincadeiras, desde que, tenha sido possível internalizá-la, ou seja, que tenha guardado dentro de seu universo mental uma imagem da mãe, que possa ser relembrada, quando esta não estiver concretamente presente.
Assim, gradativamente, aos poucos, com o passar do tempo, a criança, tendo sido formado esse vínculo de confiança entre ele e a mãe, vai obtendo segurança para criar novas relações, e depois, vai se sentir capaz de explorar o mundo ao seu redor. Processo gradativo, até que esteja pronto para, realmente, construir a sua identidade e a sua independência.
É por essa razão que existe o termo “mãe desnecessária”.
Não porque a mãe torna-se desnecessária na vida da criança, mas porque o indivíduo, a partir do vínculo de confiança estabelecido com a sua mãe, deve sentir-se capaz e confiante, para enfrentar o mundo e os seus desafios, de forma tranquila e equilibrada, acreditando nos seus próprios potenciais.
E assim, a partir do vínculo seguro construído na relação entre a mãe e o seu bebê, esse bebê vai ter a oportunidade de se construir como uma pessoa confiante, saudável e equilibrada, construindo, também de forma confiante, saudável e equilibrada, o seu papel no mundo, construir, de forma confiante, saudável e equilibrada, a sua relação consigo mesmo, com as pessoas e com o mundo ao seu redor.
Esse é um Trecho do livro
A construção do Psiquismo e os Transtornos da Conduta,
Um livro escrito por mim, em 2013.
Livro que traz uma visão antropológica, psicológica, biológica e evolutiva da construção da personalidade.
Como também, esse livro aborda as falhas e os desvios que contribuem para os diversos transtornos da conduta.
Tudo alicerçado em pesquisas literárias e baseado na ciência.
Se alguém deseja saber mais sobre esse livro e se interessa pelos temas abordados, o mesmo está disponível, entre outras publicações, na Biblioteca Online Vida e Movimento.
Basta procurar nos buscadores a Biblioteca Online Vida e Movimento, na Estante virtual Livros Online.
Pode acessar também a partir do meu site, Gilson Tavares.com. Lá você encontra um link para a Biblioteca Online Vida e Movimento.
Boa leitura.
Gilson Tavares,
Psicanalista Clínico e Organizacional
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