O poder paralelo da mentira

 

Mais uma vez voltamos a falar sobre a mentira. Sobre o uso da mentira para a manipulação de pessoas. Sobre o uso da mentira para deturpar realidades. Sobre o uso da mentira para relativizar fatos e atitudes.

E parece que a coisa pode piorar ainda mais. Hoje vemos pessoas comuns e pessoas públicas, parlamentares, e até setores de poderes estabelecidos, defendendo o direito de mentir. Defendendo o direito de usar a mentira como instrumento de controle e de manipulação.

Até parece que estamos vivendo uma verdadeira epidemia da mentira. Pessoas que costumamos ver como exemplos de pessoas sérias, usando da mentira na maior cara lisa, sem o menor remorso ou pudor, para defender as suas ideologias e as suas opiniões.

Vemos líderes de organizações autodenominadas de Igrejas, que se autointitulam representantes ou enviados de Deus, fazendo uso da mentira de forma totalmente  descarada, para explorar os seus seguidores e para manipular os seus seguidores, fazendo verdadeiras lavagens cerebrais nos mesmos, plantando nas suas cabeças ideias fundamentalistas, fora da realidade, para atender aos seus próprios interesses.

Vemos parlamentares, que mentem sem o menor pudor, para defender os seus pensamentos ideológicos e os seus interesses. Mesmo que as suas mentiras atrapalhem as ações que contribuam para a melhoria da vida da sociedade e do país.

Vemos governantes que se utilizam da mentira como uma ferramenta de poder, que se utilizam da mentira como um instrumento poderoso de controle das mentes de pessoas sugestionáveis.

Uma demonstração muito clara do poder paralelo da mentira.

Chegamos a ter a necessidade de criação de uma CPI, para esclarecer mentiras que não têm a menor sustentação, pois são desmontadas por imagens e por fatos incontestáveis.

A cada dia somos bombardeados por novas mentiras. A cada dia somos surpreendidos por mentiras sobre os mais variados temas.

Parece que vivenciamos realmente a tentativa de instalação de um poder paralelo da mentira. Tentativa de instalação de um poder paralelo baseado na mentira.

Como também vemos, e com grande preocupação, a relativização da mentira. A normalização do uso da mentira. Principalmente na esfera pública, na esfera política.

Com um agravante. Pessoas que se consideram defensores da moral e dos bons costumes, pessoas que se consideram melhores que as outras, por razões ideológicas, embarcando em verdadeiras redes de mentiras, se prestando ao papel de multiplicador e de amplificador de mentiras.

Até parece que a verdade perdeu o seu valor. Parece que a mentira passou a ter mais valor que a verdade, desde que atenda aos interesses e as ideologias de quem as defende.

Como chegamos a esse ponto?

Por que a mentira passou a ser relativizada?

Por que a mentira passou a ser normalizada?

Como a mentira adquiriu tanto poder?

Como a mentira adquiriu quase que um poder paralelo?

Por que tantos não se importam mais se algo é verdadeiro ou se é apenas uma mentira?

Os pensamentos fundamentalistas, os pensamentos reacionários, os pensamentos engessados, os pensamentos sugestionáveis, têm muito a ver com essa realidade.

É preciso que todas as pessoas de bom senso, que todas as pessoas que prezam a verdade, que todas as pessoas que valorizam a sua sanidade mental, abandonem os seus preconceitos, abandonem as suas ideias retrógradas.

É preciso que todas as pessoas de bom senso, que todas as pessoas que prezam a verdade, que todas as pessoas que valorizam a sua sanidade mental, abram as suas mentes e se engajem na luta contra o poder paralelo da mentira.

É preciso que sejam criados regulamentos que combatam a desinformação. Que sejam criados regulamentos que combatam a mentira. Que sejam criados regulamentos que punam o uso da mentira como instrumento de manipulação e de enganação.

É preciso que as autoridades sejam rigorosos na aplicação dos regulamentos que impeçam ou que pelo menos inibam o uso da mentira como instrumento de manipulação e de enganação.

É preciso também que toda a sociedade seja envolvida nessa luta contra o poder paralelo da mentira.

É preciso que toda a sociedade combata e que não aceite a mentira como algo normal.

É preciso que cada um combata e que não aceite a mentira como algo normal.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

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