A banalização do ódio

 

Hoje vamos falar sobre um tema, ou melhor, falar sobre um sentimento, que é pouco falado, mas que está muito presente nas relações entre as pessoas, está muito presente nas relações entre as classes sociais, e que, nos últimos tempos, está presente de forma excessivamente agressiva, nas relações entre as pessoas, está presente de forma excessivamente agressiva nas redes sociais, está presente de forma excessivamente agressiva na mídia em geral.

De que sentimento estou falando?

Qual o sentimento que tem ocupado mais espaço nas mídias nos últimos tempos?

Qual o sentimento que tem ocupado mais espaço das redes sociais nos últimos tempos?

Estou falando do ódio.

Ódio que tem recheado as discussões entre as pessoas. Ódio que tem recheado os discursos políticos. Ódio que tem recheado até as palestras e os discursos religiosos.

As disputas politicas parece que perderam o seu propósito.

O propósito de uma disputa política deveria ser a apresentação de projetos de governo. Mas o que temos visto nos últimos tempos são apenas discursos de ódio e ataques cada vez mais agressivos aos adversários.

Adversários que não são mais vistos como adversários e sim como inimigos. E como inimigos que devem ser eliminados, até mesmo com a utilização de meios não apenas ilegais, mas também imorais.

Políticos que fazem uso de microfones e de instrumentos musicais como se fossem armas de fogo, simulando o fuzilamento de seus adversários, como se fosse uma ordem para que seus seguidores fizessem o mesmo.

Instituições que se autodenominam como igrejas, que se consideram representantes de Deus, levando para dentro das suas paredes e para os seus cultos, representações de ódio puro, com apresentação de armas de fogo e com simulações de execução de seus ditos inimigos.

Cena inimaginável e grotesca divulgada nos meios de comunicação, com um dito representante de Deus, orientando os seus seguidores de como deveriam ora para que o Deus que ele diz representar quebrasse a mandíbula de quem ele odeia e mande doenças para as autoridades que defendem a legalidade no País.

Que Deus essa criatura diz representar?

Claro que Deus nenhum escutará preces tão insanas. Mas o ato em si deixa claro o nível de ódio que foi instalado no País.

Como também fica implícito em tal declaração de ódio, a ordem subliminar para que seus seguidores transformem em atitudes as suas palavras de ódio.

O propósito de qualquer instituição religiosa, seja qual for a religião e seja qual for a crença, deve ser o de trabalhar para buscar formas de tornar as pessoas melhores. Principalmente melhores consigo mesmo e melhores com o seu semelhante.

Uma religião ou um representante de alguma religião que prega o ódio perdeu totalmente o sentido do seu pretenso propósito.

Para citarmos exemplos de atitudes de ódio e exemplos de pessoas que vomitam ódio, teríamos que falar por um tempo quase infinito.

O ódio, segundo o dicionário, é a aversão profunda a algo ou a alguém, motivado pelo medo, raiva ou injúria sofrida.

Em qual dessas categorias esse ódio destilado se encaixa?

Ou será que é apenas a banalização do ódio?

O ódio pelo ódio.

A psicologia diz que o ódio cria uma amarra entre aquele que odeia e aquilo ou aquele que é odiado.

Dessa forma, aquele que odeia acaba criando uma armadilha para si mesmo, ficando preso ao objeto do seu ódio, não conseguindo abrir a sua mente para o mundo ao seu redor, apenas focando naquilo ou naquele a quem odeia.

Talvez por isso, não raremente, a expressão do ódio acontece por meio de palavras ou de atitudes agressivas e violentas, com o claro desejo de destruição do objeto odiado, para assim, poder se libertar do seu ódio.

O maior problema é que o ódio consome. Consome principalmente a paz daquele que odeia.

Na maioria das vezes, aquele que é odiado nem se dá conta do ódio que destilam contra ele, e segue a sua vida plenamente. Enquanto que, aqueles que cultivam o ódio ficam presos no seu próprio ódio e não se libertam para a vida.

O ódio não pode ser banalizado.

O ódio é um sentimento odioso em si mesmo.

A sociedade como um todo organizado e cada um que faz essa sociedade organizada deve se manifestar contra o ódio.

A sociedade como um todo e cada um que faz essa sociedade organizada deve dizer não ao ódio.

É preciso dizer não para a banalização do ódio.

É preciso dizer não para aqueles que banalizam o ódio.

Até porque, a banalização do ódio, juntamente com o uso da mentira para manipular as massas e a desvalorização do outro, criam as condições perfeitas para a banalização do mal e para justificar a destruição de tudo, para justificar a destruição de tudo o que é diferente, de tudo o que pensa diferente.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

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