A pequena distância entre a civilidade e a barbárie

 

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Aqui, em artigos anteriores, eu já falei sobre a civilidade e a barbárie, sobre a pequena distância entre a civilidade e a barbárie, sobre escolhas e comportamentos que contribuem para diminuir a distancia entre a civilidade e a barbárie.

Mas parece que esse é um tema que precisa está presente sempre em nossas mentes, e infelizmente, pelas piores razões.

São cenas de barbáries noticiadas dia e noite, cotidianamente, trazidas de vários cantos do planeta, em situações de guerras insanas; cenas de terrorismo e barbárie praticadas por grupos extremistas; cenas de terrorismo e barbárie praticadas por governantes autoritários; cenas de terrorismo e barbárie praticadas em nome de interesses territoriais, cenas de terrorismo e barbárie praticadas em nome de interesses econômicos; cenas de terrorismo e barbárie praticadas em nome de fanatismos religiosos; cenas de terrorismo e barbárie praticadas em nome da intolerância.

E não apenas a barbárie propriamente dita, no seu estado mais bruto, mais sangrento, como também acompanhamos o crescimento, não apenas no Brasil como também em outros países, o crescimento, ou pelo menos a tentativa de crescimento, de correntes políticas fascistas, que tem entre os seus membros, fileiras de representantes medíocres, moralmente e intelectualmente, seres vazios de valores, seres vazios de ética, seres vazios de projetos ou de ideias, mas que tentam a todo custo, deturpar as democracias, alienar as populações, instaurar o caos, com o objetivo final de eliminar todo e qualquer projeto de governo que tenha o povo e as necessidades do povo como prioridade, na tentativa de manter a secular equação de – capital, poder, manipulação, ameaças, medo e dominação.

E com esse desejo nefasto, as classes políticas fascistas não poupam nem mesmo o sobrenatural, apelando até mesmo para a manipulação dos fanatismos e dos fundamentalismos religiosos, arrebanhando legiões entre os mais propensos à seguirem e a cederem à apelos emocionais, sem refletir e sem questionar.

Mas, o que isso tem a ver com a civilidade e com a barbárie?

Tudo. Tudo o que distancia o indivíduo dele mesmo, tudo o que distancia o indivíduo do seu semelhante, aproxima o indivíduo da barbárie.

Para confirmar isso, vejamos o que podemos compreender por civilidade e o que podemos compreender por barbárie.

Segundo os conceitos encontrados nos dicionários, civilidade é o respeito pelas normas de convívio entre os membros de uma sociedade organizada. Que seja essa sociedade civilizada composta por uma tribo, que seja essa sociedade civilizada composta por uma comunidade, que seja essa sociedade civilizada composta por uma nação, que seja essa sociedade civilizada composta por todos os povos que compartilham do mesmo planeta.

E sendo assim, em uma sociedade civilizada as pessoas esperam comportamentos de respeito mútuo, comportamentos de tolerância entre todos, comportametnos de cortesia para com todos, comportametnos de consideração para com todos, comportmentos que abordem, enfrentem e resolvam os conflitos de forma racional e equilibrada.

Em uma sociedade civilizada, espera-se que todos sigam as normas sociais que permitam as pessoas se relacionarem umas com as outras de forma positiva, respeitosa e harmoniosa. Isso no âmbito pessoal, comunitário e global.

Por civilidade, compreende-se o respeito pelas normas de conduta, estabelecidas para reger as relações entre as pessoas e entre as nações.

Por civilidade, compreende-se o respeito pelas normas estabelecidas que permitem o convívio saudável entre as pessoas e entre as nações.

E a barbárie?

A barbárie é o oposto da civilidade.

A Barbárie, também segundo os dicionários, é a condição daquilo que é selvagem, daquilo que é cruel, daquilo que é grosseiro.

A barbárie, geralmente é interpretada como ações de extrema violência e agressividade, com o objetivo de afetar diretamente a paz e a tranquilidade, de uma pessoa, de um grupo de pessoas ou até mesmo de um país.

Sendo assim, podemos perceber que a distância entre a civilidade e barbárie não é tão grande.

Quando um indivíduo, uma comunidade ou uma nação, não cumpre com o esperado para a vida em uma sociedade civilizada, e as instituições responsáveis pela manutenção dessa sociedade civilizada, juntamente com a própria sociedade civilizada, admite a agressão a sociedade civilizada como uma coisa aceitável, coloca em risco toda a sociedade civilizada e coloca em risco o frágil equilíbrio entre a civilidade e a barbárie.

Por que?

Porque na hora em que um indivíduo, um grupo de indivíduos ou uma nação, seja por qual for o motivo, não aceita e não respeita as normas estabelecidas para a convivência pacífica entre as pessoas, não aceita e não respeita as normas estabelecidas para a convivência pacífica entre as nações, abre caminho para a instalação da barbárie. Ou seja, abre caminho para o vale tudo. Abre caminho para a destruição de toda a conquista civilizatória, que toda a  sociedade mundial tenha conquistado, muitas vezes à custa de muitos sacrifícios e muitas vezes até à custa de muitas vidas.

Por essa razão, é dever de todas as instituições criadas para governar e para manter a sociedade civilizada, como também é dever de toda a sociedade civilizada e de cada indivíduo que faça parte dessa sociedade civilizada, não aceitar e lutar contra toda e qualquer forma de agressão para com essa sociedade civilizada. Que seja essa agressão vinda de um indivíduo, vinda de um grupo de indivíduos, vinda de grupos organizados ou vinda de nações.

A civilidade deve ser inegociável, as normas criadas para manter a vida em uma sociedade civilizada devem ser inquestionáveis e o desrespeito para com as normas de civilidade deve ser inaceitável por todos e deve ser combatido por todos.

Sob pena de, por omissão ou por concordância, contribuir para a destruição do frágil equilíbrio entre a civilidade e a barbárie.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

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