Importância da reputação para a vida pessoal e profissional

 

Você sabe o que é reputação?

Você sabe qual a importância da reputação para a vida pessoal e para a vida profissional?

Você como a reputação pode influenciar de forma negativa ou de forma positiva, a sua vida pessoal e também a sua vida profissional?

Você sabe como cuidar da sua reputação?

O filósofo grego Aristóteles, entre tantos ensinamentos que ele nos deixou, entre eles está o que diz “Somos aquilo que fazemos repetidamente”.

Essa afirmação, tão pequena e aparentemente tão simples, tem uma importância incalculável para a nossa vida, em todos os sentidos. Exatamente por deixar claro, explicitamente, a importância dos nosso atos, porque, afinal são eles que nos definem.

São os nossos atos, são as nossas atitudes, que definem que somos nós. Quem somos nós para nós mesmo, quem somos nós aos olhos das pessoas ao nosso redor, as pessoas do nosso mundo, e quem somos nós para o mundo em geral.

 E isso tem tudo a vê com os questionamentos que fiz logo no início. Porque, esse quem somos nós também é o que constrói a nossa reputação. Também em todos os sentidos.

É a nossa reputação que vai determinar a forma como as pessoas e o mundo nos vê. É a nossa reputação que também vai influenciar a forma como as pessoas e o mundo vão nos tratar.

Por que?

Porque a nossa reputação diz respeito a quem somos nós.

É nossa reputação que diz se somos uma pessoa confiável. É a nossa reputação que diz se somos uma pessoa que merece credibilidade naquilo que falamos e naquilo que fazemos.

E isso tem uma importância muito grande nas relações que construímos. Relações na vida pessoal, relações familiares, relações amorosa, relações conjugais, relações sociais.

Também relações na vida profissional. Como as oportunidades que podemos ter de ingressar e de se manter em um emprego, por exemplo.

Como também, dependendo da reputação que construímos, pode contribuir para o afastamento das pessoas e pode contribuir para o fracasso na vida profissional.

Na prática, reputação é a opinião das outras pessoas a seu respeito.

Principalmente, reputação é o que as pessoas pensam e dizem de você quando não estão na sua presença.

Existem alguns comportamentos que contribuem para a construção de uma reputação positiva, como por exemplo:

A ética nas atitudes. A honestidade. A confiabilidade. O respeito.

E não é apenas para as pessoas que a reputação tem grande importância.

Ou pelo menos deveria ter.

Se as pessoas observassem mais a questão da reputação, tanto no âmbito pessoal quanto no âmbito profissional, cairiam em menos golpes e teriam menos problemas nas relações pessoais, em todos os sentidos.

Também para as empresas e para os negócios a reputação é fundamental e pode até ser determinante para o sucesso ou fracasso da empresa ou do negócio, seja qual for o ramo do negócio e seja qual for o porte da empresa também.

Pesquisas indicam que na hora de escolher um produto ou um serviço, a reputação é um dos indicadores que as pessoas analisam, antes de efetuarem uma compra ou de contratar um serviço.

Até na hora de contratar a reputação tem a sua importância.

Pesquisas também mostram que, até pouco tempo atrás, a reputação da empresa não era tão relevante, na hora de se buscar uma colocação no mercado de trabalho.

Atualmente, na hora de buscar uma vaga de trabalho, pesquisas mostram que as pessoas estão vendo a reputação da empresa como segundo indicador de se deve trabalhar naquela empresa ou não. Só perdendo o primeiro lugar para o propósito, a razão de ser, da empresa.

Isso pelo menos no universo das pessoas mais qualificadas e que podem escolher onde trabalhar.

Ainda no âmbito da vida profissional, pesquisas indicam que existem alguns comportamentos que contribuem para a destruição da reputação profissional.

Isso tanto para quem trabalha em alguma empresa, para quem tem o próprio negócio ou para quem é autônomo. Independente do segmento de atuação.

Entre esses comportamentos, pode ser listado:

A qualidade das postagens em redes sociais.

A qualidade dos comentários em postagens das redes sociais.

Criar ou espalhar fake News.

Curtir, compartilhar ou comentar postagens inadequadas.

Costumar usar palavrões.

A forma como trata as pessoas.

Como vemos, não apenas a forma como a pessoa conduz a sua vida, a forma como a pessoa se relaciona com as outras pessoas e com mundo, mas também, a vida da pessoa nas redes sociais digitais, a forma como a pessoa se comporta nas redes sociais, está tendo grande relevância a hora de avaliar a reputação de uma pessoa.

E isso não está valendo apenas para a vida profissional, mas também está valendo para a vida pessoal, para a construção das relações entre as pessoas.

E você, como está cuidando da sua reputação?

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

 

A Mente grupal e os comportamentos extremistas segundo Le Bom – Parte II

 

Na postagem anterior, abordamos aqui sobre a questão da Mente Grupal e os comportamentos extremistas, segundo o psicólogo social francês Gustave Le Bon.

Gustave Le Bon é considerado o pai dos estudos sobre a psicologia das multidões. Acreditava que a busca da compreensão da psicologia da multidão era essencial para a compreensão da história e para a compreensão da natureza humana.

O trabalho mais importante de Gustave Le Bon, A multidão: Um estudo da mente popular, publicado em 1895, é considerado até hoje como um dos trabalhos mais importantes para os estudos que procuram compreender o comportamento das multidões, dos grupos, das massas.

Como falei na semana passada, acredito que a abordagem desse tema é importante para que cada um possa olhar para si mesmo e verificar, caso faça parte de algum grupo, seja qual for a finalidade do grupo que você faça parte, que seja de forma presencial ou online, que você possa analisar como está sendo a sua atuação, enquanto indivíduo e enquanto membro de um grupo. E principalmente, para que você possa refletir sobre como está sendo influenciado pela mente coletiva criada no grupo e possa refletir sobre o que pode e deve fazer para manter a sua própria personalidade, os seus próprios princípios e valores pessoais, e não se deixe manipular, não virar massa de manobra.

Os seres humanos, aliais, como quase todos os outros seres vivos que existem no planeta também, os seres humanos, desde os seus primórdios, quando ainda viviam coletando frutas, caçando, fugindo de predadores, os seres humanos procuram  viver em grupos.

Por várias razões, inclusive porque em grupos, torna-se mais fácil a sobrevivência.

Assim nasceram as tribos, nasceram as vilas, nasceram as cidades, nasceram as nações.

Como também, além da necessidade da formação de grupos para caçar, para se protegerem de predadores, para enfrentar grupos rivais e para se protegerem de ameaças diversas, os seres humanos também sempre sentiram necessidade de formar grupos por afinidades ou por interesses em comum.

É aquela velha máxima de que “juntos somos mais fortes”.

O que é verdade. Um grupo organizado de pessoas tem muito mais força para defender uma ideia ou uma causa, do que um indivíduo ou do que indivíduos isolados.

E isso é a essência da formação da mente grupal. Quando uma quantidade de pessoas se unem em torno de uma necessidade, em torno de uma ideia, em torno de uma causa, e assim, nasce uma espécie de inconsciente coletivo, que passa a, de forma subjetiva, ou seja, como se fosse criado leis não escritas, mas que precisam ser seguidas, e essas leis passam a direcionar as ações dos indivíduo no grupo, e muitas vezes, essas leis não escritas passam a direcionar as ações dos indivíduos até mesmo fora do grupo e até pode direcionar os seus pensamentos.

E é essa a razão que explica o fato de que, muitas pessoas, ao fazer parte de algum grupo, seja qual for a finalidade desse grupo, a pessoa passa como que a viver em função do grupo, dos interesses do grupo, dos ideais pregados pelo grupo. Principalmente quando os ideais do grupo estão de acordo com os seus próprios ideais.

E é por essa razão que, como já falamos na semana passada, um indivíduo, quando em grupo, geralmente despreza o senso crítico, não leva em consideração se uma ideia, um pensamento, um ideal ou uma palavra, realmente trata-se de algo verdadeiro ou não. O mais importante é que essa ideia, esse pensamento, esse ideal ou essa palavra esteja de acordo com os ideais e os interesses do grupo.

Le Bon diz também que, sempre que um número de pessoas se unem e formam um grupo, em função de alguma afinidade em comum , ou sempre que uma pessoa se une à um grupo já existente, geralmente, instintivamente, o grupo como entidade e cada um dos indivíduos se colocam sob a influência de um líder, ou de um chefe, que vai ditar, de forma direta ou de forma subjetiva, a atuação do grupo e dos indivíduos que formam o grupo.

E ainda segundo Le Bon, quanto maior for a relação entre os ideais e os interesses do líder e os ideais e os interesses do grupo, maior também é a admiração dos indivíduos do grupo em relação ao líder e maior também é a chance de que o líder seja seguido cegamente por seus liderados, de forma totalmente obediente e sem questionamento algum.

Muitas vezes, até deixando totalmente de lado o senso crítico, o bom senso e o raciocínio lógico.

Isso é o que caracteriza o que na sociologia e na psicologia é chamado de mente grupal. Quando o indivíduo perde, de certa forma, a capacidade de avaliar as suas ações, e passa a ser guiado pelo inconsciente coletivo criado em algum grupo que faça parte.

Isso também explica porque um indivíduo que de forma isolada é uma pessoa pacata e equilibrada, quando em grupo, pode ser capaz de atos extremistas e até ser capaz de atos de violência.

O ser humano é um ser essencialmente social.

Como já dizia o pensador russo do início do século passado Vygotsy, todo ser humano se constitui um SER pelas relações que estabelece com os outros seres humanos.

Ou seja, precisamos do outro, precisamos da relação com o outro para sermos humanos.

E por esse precisar da relação com o outro para se constituir um SER, buscamos outros que pensem como nós, buscamos outros que tenham as mesmas afinidades que nós, buscamos outros que tenham a mesma visão de mundo que nós, e formamos grupos.

Assim nascem as associações, assim nascem os grupos de serviços, assim nascem as igrejas, assim nascem os clubes, assim nascem os partidos políticos, assim nascem as correntes de pensamentos.

Assim nascem também as seitas. Assim nascem também as conspirações. Assim nascem também as correntes ideológicas.

Precisamos está sempre vigilantes.

Principalmente, precisamos está sempre vigilantes em relação à nossa saúde mental e emocional, para que sejamos envolvidos em alguma corrente de pensamento que ameace o nosso equilíbrio, alguma corrente de pensamento que ameace a nossa saúde mental e emocional.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

  



A Mente grupal e os comportamentos extremistas segundo Le Bon

 

Nas publicações anteriores, fizemos aqui uma tentativa de reflexão sobre o fenômeno da agressividade e da violência nos dias atuais.

Hoje, vamos refletir um pouco sobre um fenômeno chamado de Mente Grupal. Fenômeno estudado pela psicologia social e que procura entender como age o indivíduo dentro de um grupo e de como o grupo influencia o comportamento do indivíduo.

Para procurar entender um pouco sobre como isso acontece, vamos ter como base os estudos de Gustave Le Bon. Gustave Le Bon foi um psicólogo social francês do século 19. Considerado o pai dos estudos sobre a psicologia das multidões, Le Bon acreditava que a busca da compreensão da psicologia da multidão era essencial para a compreensão da história e para a compreensão da natureza humana.

Gustave Le Bon, além de psicólogo social, também fez diversos estudos nas áreas da antropologia, da psicologia, da sociologia, da medicina e da física. Tudo com o objetivo de compreender a mente humana. Principalmente compreender como o indivíduo se comporta em grupo.

O trabalho mais importante de Gustave Le Bon, A multidão: Um estudo da mente popular, publicado em 1895, é considerado até hoje como um dos trabalhos mais importantes para a psicologia das multidões.

Segundo ele, o indivíduo, quando fazendo parte de um grupo, adquire um sentimento de invencibilidade, resultado da crença no anonimato que o grupo lhe garante.

Gustave Le Bon mostra com seus estudos que as massas, as multidões, os grupos, são, antes de tudo, um fenômeno social. E que, para compreender o comportamento, a ação e a influência desse fenômeno na sociedade, ou seja, para compreender o comportamento, a ação e a influência das massas, dos grupos, na sociedade,  é necessário, não apenas o olhar do direito, da economia e da política, mas principalmente o olhar da sociologia e da psicologia.

Le Bon afirma que, para entender o comportamento do indivíduo em um grupo, se faz necessário a concepção de que, ao fazer parte de um grupo organizado, geralmente, o indivíduo desce vários degraus na escala da civilização.

Sendo assim, isolado, de forma individual, o indivíduo pode ser uma pessoa culta, equilibrada nas suas ações, porém, ao fazer parte de uma multidão, ao fazer parte de um grupo, esse mesmo indivíduo pode tornar-se um bárbaro, ou seja, um indivíduo que age regido apenas pelos seus instintos. Sendo capaz de cometer atos de agressividade e de violência, semelhante aos seres primitivos.

Para Le Bon, o indivíduo, ao fazer parte de um grupo organizado, sofre uma redução na sua capacidade intelectual, sofrendo assim maior influência do grupo.

Le Bon diz que, um grupo, quase sempre, é levado por uma espécie de inconsciente coletivo. E que, os impulsos que leva o grupo a agir, podem, de acordo com as circunstâncias, levar o grupo a ter atos de generosidade, atos de solidariedade e até atos de heroísmos. Mas que pode também levar o grupo a ter atos de crueldade, atos de agressividade, atos de violência. E que, essa espécie de inconsciente coletivo, criado no grupo, fica acima de qualquer interesse pessoal, até mesmo acima dos valores pessoais e da autopreservação, o que explica algumas atitudes extremistas de indivíduos, quando agem em nome de grupos, sacrificando até mesmo as suas vidas.

Para Le Bon, o que justifica a comparação da mente grupal com a mente de povos primitivos, é o fato de que ideias, pensamentos ou suposições totalmente contraditórios, podem existir lado a lado, sem que nenhum conflito ou juízo de valor seja feito, sem que nenhuma lógica seja encontrada em tal ideia, pensamento ou suposição.

Le Bon diz também que um grupo está sempre sujeito ao poder das palavras. Que as palavras, quando utilizadas em concordância com as ideias preconcebidas pela mente coletiva criada no grupo, não passam pelo crivo da razão ou da lógica, para serem aceitas como palavras verdadeiras e valiosas, e para tornarem-se, quase que de forma automática, em ordens à serem seguidas pelos indivíduos do grupo.

E é por essa razão, que quando em grupo, o indivíduo, geralmente, despreza o senso crítico, e não leva em consideração se tal ideia, pensamento ou palavra, realmente trata-se de algo verdadeiro ou não. O mais importante é que essa ideia, pensamento ou palavra esteja de acordo com os ideais do grupo e que tenha um apelo emocional forte.

Para ele, os sentimentos de um grupo são sempre muito simples e muito exagerados, de maneira que não conhece a dúvida nem a incerteza. E que, quem quiser produzir influência em um gripo, ou seja, manipular um grupo para agir em seu beneficio, não necessita de nenhum argumento lógico ou consistente, basta apenas apresentar palavras que estejam de acordo com os ideais do grupo, colocar apelo emocional nas ideias apresentadas, exagerar nas ideias apresentadas e repetir as mesmas ideias diversas vezes. Isso manterá o grupo em constante ligação com tais ideias e manterá os indivíduos que fazem parte do grupo sempre dispostos a se engajarem cegamente, para atenderem aos apelos daquele que souber usar as palavras certas.

Penso que a abordagem desse tema é importante para que cada um possa olhar para si mesmo e verificar, caso faça parte de algum grupo, seja qual for a finalidade do grupo, como está sendo a sua atuação, enquanto indivíduo e enquanto membro do grupo. E principalmente, poder refletir sobre como está sendo influenciado pela mente coletiva do grupo e refletir sobre o que deve fazer para manter a sua própria personalidade e os seus próprios valores pessoais.

Como esse é um tema bastante extenso, e também bastante interessante, não apenas para a compreensão da história e da sociologia, mas principalmente para a compreensão da realidade da atualidade,  voltaremos a abordar esse tema no nosso próximo encontro.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

 

Uma tentativa de reflexão sobre a violência nos dias atuais – Parte II

 

Na postagem anterior, fizemos aqui uma tentativa de reflexão sobre o fenômeno do aumento da agressividade e da violência nos dias atuais.

Hoje, vamos dá continuidade à esse tema, repetindo o que falamos na semana passada, quando dissemos que podemos pensar a evolução civilizatória, com a criação de norma e regras de convivência, como um caminho para a evolução também dos indivíduos que fazem a sociedade.

Como também falamos anteriormente, o que temos visto nos últimos tempos parece o que podemos chamar de  Involução civilizatória, com a prevalência dos desejos primários, com a prevalência dos instintos primitivos, em detrimento dos comportamentos que permitem a convivência pacifica com o outro e que permite a vida em sociedade.

Vimo também que temos visto cada vez mais pessoas com dificuldade para se conectar o seu mundo interior, com dificuldade para lidar com os seus instintos primitivos, e assim, também com grande dificuldade para lidar com o mundo exterior, com grande dificuldade para lidar com o outro, com grande dificuldade para lidar com a coletividade, com grande dificuldade para lidar com a realidade a sua volta e com grande dificuldade para lidar com a vida em comunidade.

Como falou Freud, o pai da psicanálise, a violência é o contrário do processo civilizatório.

A violência é a total falta de argumento.

A violência é a negação do outro, mas é também a negação de si mesmo.

A violência é a desvalorização do outro, mas é também a desvalorização de si mesmo.

A violência é a diminuição do outro, mas é também a diminuição de si mesmo.

Na atitude agressiva e violenta em relação ao outro, retira-se desse outro o direito de ser quem ele é, mas ao mesmo tempo, é também uma comprovação da própria incapacidade de lidar com esse outro da forma como ele é.

E assim, com a admissão da própria incapacidade de lidar consigo mesmo em relação ao outro como ele é, opta-se pela destruição do outro, como forma de destruir a causa da própria incapacidade e da própria mediocridade e pequenez.

Claro que a prática da violência com esse objetivo, nunca vai ser obtido nenhum sucesso. Porque, mesmo tendo destruído o outro, o sentimento da própria incapacidade e pequenez vai continuar sempre dentro de si mesmo.

No feminicídio, por exemplo, elimina-se o outro porque a existência do outro, e principalmente, a rejeição do outro, deixa claro demais para ser suportado, a comprovação da sua própria pequenez, deixando claro também que a sua vida depende do outro. E assim, com a rejeição do outro, decide-se colocar fim a vida do outro, uma vez que a própria vida também não tem mais sentido.

O que podemos encontrar em comum nessas pessoas agressivas e violentas?

A imaturidade emocional

A Intolerância à frustração

O Imediatismo

A impulsividade

A busca da realização da satisfação dos seus desejos a qualquer custo.

A Inconsequência

A Falta de visão de futuro

A dificuldade em lidar com a não realização dos seus desejos e dos seus instintos.

Em alguns casos encontramos também pessoas com Transtornos mentais.

Tudo isso tem uma grande contribuição na forma de olhar para o outro, na forma de lidar consigo mesmo e na forma de lidar com o outro.

Pessoas assim, geralmente não veem o outro como alguém igual a si mesmo, que merece o mesmo respeito e que tem as mesmas necessidades.

Na dificuldade de olhar para si mesmo. Na dificuldade de buscar caminhos de autotransformação. Na dificuldade de produzir mudanças em si mesmo, opta-se pela agressão ao outro, já que o outro é a lembrança da sua incapacidade e da sua pequenez.

Isso reflete claramente indivíduos com desvios de caráter, indivíduos com desequilíbrios emocionais, indivíduos com transtornos mentais, indivíduos com dificuldades para a vida em coletividade, indivíduos com dificuldades para a vida em sociedade.

Mas reflete também,

Uma Crise de civilidade – onde parece que as pessoas perderam a noção do que é importante e necessário para a vida em coletividade, para a vida em sociedade.

Uma Crise de cidadania – onde parece que as pessoas perderam a noção do papel de cada um na construção da comunidade e da sociedade.

Uma Crise de educação – principalmente no conceito de educação como construção integral da pessoa. Construção de pessoas que tenham dentro de si a noção de cidadania, a noção de ética, a noção de responsabilidade social, a noção de responsabilidade ambiental, a noção de responsabilidade pelo bem comum.

Uma crise de humanidade – quando parece que cada indivíduo vive como se fosse um ser único no mundo, que tem o direito de usufruir de tudo o que existe no mundo, mesmo que não faça nenhum esforço pra isso, e que os outros vivem apenas para lhe servirem e para satisfazer os seus desejos.

Como reverter esse quadro?

Talvez um caminho seja exatamente construir pessoas que tenham valorizados sentimentos de civilidade, construir pessoas que tenham valorizados sentimentos de cidadania, construir pessoas que tenham valorizados sentimentos de educação, construir pessoas que tenham valorizados sentimentos de humanidade.

Falamos tanto em mudar o mundo. Falamos tanto em buscar caminhos para construir um mundo melhor. Mas raramente pensamos que o mundo é feito de pessoas e que, o único caminho para mudar o mundo, o único caminho para construir um mundo melhor é o caminho da construção de pessoas melhores.

Como pessoas melhores, podemos pensar em pessoas menos arrogantes; pessoas mais resilientes com os tropeços da vida; pessoas que se importam com as outras pessoas, que principalmente se importa com as pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades que elas tiveram na vida ou que não tiveram a sorte de nascerem onde elas nasceram; pessoas que tratam as outras pessoas com respeito; pessoas que aprendam a suportar as  frustrações que a vida colocar no seu caminho; pessoas que se importam com o bem estar das outras pessoas e com o bem estar da comunidade onde vivem; pessoas que aprendam a lidar com as dificuldades sem precisar culpar outras pessoas ou agredir outras pessoas em razão da sua própria incapacidade de lidar consigo mesmo e com as suas limitações; pessoas que se preocupam e que contribuem para a preservação do meio ambiente onde vivem; pessoas que tenham ética nas relações com as outras pessoas; pessoas que tenham noção de honestidade nas suas ações e não apenas cobrem isso das outras pessoas; pessoas que procuram melhorar sempre a sua forma de viver, sem que para isso precise tirar proveito de outras pessoas; pessoas que tenham sempre em mente o seu crescimento pessoal e o seu crescimento profissional; pessoas que trabalhem sempre o seu equilíbrio emocional.

E isso é, ou pelo menos deveria ser, uma missão de todos. De governos, da sociedade, das instituições e de cada um.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas