Do que se alimenta o fanatismo

 

Você já deve ter escutado muitas vezes a palavra fanatismo.

Mas Você sabe o que é o fanatismo?

Você sabe o que caracteriza o comportamento classificado como fanático?

Você sabe quais os prejuízos que o fanatismo pode provocar ao indivíduo fanático e às pessoas que com ele se relaciona?

Você sabe quando o fanatismo pode se tornar uma ameaça para uma comunidade ou até mesmo para uma nação?

Pode parecer exagero falar sobre o fanatismo como uma ameaça que pode afetar até mesmo a vida de toda uma nação, mas basta olharmos para quantos países vivem sob o jugo de líderes tiranos, que impõem a sua violência e o seu poder sem limites, até mesmo o seu poder sobre a vida e sobre a morte, justificado por sua fome de poder disfarçada de alguma escolha divina e pelo fanatismo religioso dos que o seguem cegamente.

São vários exemplos pelo mundo. Acompanhamos pelos noticiários, pessoas de todas as idades, diversas formações, gêneros, pensamentos, que lutam e que morrem na busca da liberdade. Principalmente na busca da liberdade de serem quem elas querem ser. 

Aliás, não apenas no momento atual, mas durante toda a história da humanidade e em todos os recantos da terra, sempre que se uniu poder e religião, independente de qual tenha sido a religião, o resultado sempre foi a opressão, a perseguição dos que pensam diferente, a destruição, a violência, a tortura, a morte. E a morte das piores maneiras possíveis.

Isso é história. São fatos. É inquestionável.

A religião é, ou pelo menos deveria ser, independente de qual seja a crença, o caminho para a ligação do ser humano com o seu criador; a ligação do ser humano com um ser sobrenatural, um ser superior, um ser que possa inspirar no ser humano os sentimentos de esperança, os sentimentos de irmandade, os sentimentos de compaixão e de empatia para com o seu semelhante.

Se a forma de viver a religião é diferente disso. Isso pode ser chamado de qualquer coisa, menos de religião.

Uma forma de viver a religião não respeitando a opinião e o direito de escolha do outro; uma forma de viver a religião vendo no que pensa diferente um inimigo que deve ser combatido ou até mesmo eliminado; uma forma de viver a religião baseado no ódio ao diferente. Essa forma de ser está muito mais próximo do fanatismo do que do exercício e da vivência de alguma religião. Seja ela qual for.

O que principalmente caracteriza o fanatismo?

Todo e qualquer pensamento ou comportamento exagerado em relação â alguma coisa; Todo e qualquer pensamento ou comportamento exagerado em relação â alguma crença; Todo e qualquer pensamento ou comportamento exagerado em relação â alguma religião; Todo e qualquer pensamento ou comportamento exagerado em relação â alguma ideologia; Todo e qualquer pensamento ou comportamento exagerado em relação â alguma corrente política; Todo e qualquer pensamento ou comportamento exagerado em relação ao jeito de existir no mundo.

Do que se alimenta o fanatismo? O fanatismo se alimenta da fragilidade. O fanatismo se alimenta da ignorância. O fanatismo se alimenta da manipulação. O fanatismo se alimenta da insegurança. O fanatismo se alimenta da insensatez. O fanatismo se alimente da mentira. O fanatismo se alimenta da estreiteza mental.

O que caracteriza o fanatismo?

O fanatismo se caracteriza pela defesa incondicional de uma ideia, um pensamento ou uma pessoa, sem levar em consideração a realidade a respeito dessa ideia, desse pensamento ou essa pessoa. Exatamente por essa razão, o fanatismo se aproxima da esquizofrenia e dos pensamentos psicóticos.

O fanatismo se caracteriza pela dificuldade em escutar qualquer coisa que seja contrário ao pensamento construído.

O fanatismo se caracteriza pelo ódio e pelo preconceito em relação à tudo o que seja contrário ao pensamento construído.

O fanatismo se caracteriza pela intolerância em relação à tudo o que é diferente.

O fanatismo se caracteriza pelo radicalismo e pelo extremismo, dos pensamentos, das ideias e das ações.

O fanatismo está mais relacionado com a estrutura mental do indivíduo do que com o contexto em questão. Por essa razão, é mais provável que o indivíduo fanático mude o foco do seu fanatismo, em razão de alguma frustração em relação à ideia, o pensamento ou a pessoa idolatrada, do que o indivíduo abandonar o seu jeito de ser. Como se ele precisasse de um ídolo para poder se sentir parte de algo.

O fanatismo não raramente é o caminho para a formação de seitas, quando pessoas que têm a mesma forma radical e intolerante de ser e de existir se unem para propagar as suas ideias, para defender as suas ideias e muitas vezes para denegrir ou para agredir todos os que não comungam das suas ideias e dos seus pensamentos.

O fanatismo produz muitas implicações na vida das pessoas, na vida da comunidade e até na vida de uma nação, como já vimos no início.

Na vida das pessoas fanáticas em relação à alguma coisa, que seja em relação à religião, que seja em relação à um esporte, que seja em relação à uma pessoa, que seja em relação à política, que seja em relação à uma ideia ou pensamento, o fanatismo costuma produzir muitas implicações na vida da pessoa, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional, dificultando ou em alguns casos até impedindo a sua plena existência como pessoa.

Na vida da comunidade, o fanatismo contribui para dificultar as relações entre as pessoas, muitas vezes até produzindo situações de agressões e violência.

Na vida de uma nação, o fanatismo pode produzir um contexto que favoreça a instalação de um estado de tirania e opressão, levando as pessoas a perderem a sua liberdade, principalmente perderem a sua liberdade de poderem escolher quem elas querem ser.

Como falei no início, exemplo disso podemos encontrar em várias partes do mundo e em vários momentos da história. E todos seguem mais ou menos o mesmo roteiro.

Como combater o fanatismo?

Só com ajuda profissional e com muita força de vontade por parte do indivíduo, ele pode construir novas formas de ser, ele pode construir novas formas de existir, ele pode construir formas mais saudáveis de atuar no mundo.

Ser contra a tirania, ser contra a tortura, ser contra a mentira, ser contra o ódio, ser contra a manipulação, ser contra o fanatismo, não deve ser uma questão de política ou de religião, deve ser uma questão de ética, deve ser uma questão de caráter, deve ser uma questão de valorização da vida e da liberdade.

E você, como tem combatido o fanatismo?

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Administrador, Especialista em gestão de pessoas

 

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