Nunca estivemos tão próximos e nunca estivemos tão distantes ao mesmo tempo. Os meios de comunicação e as tecnologias da transmissão de informação permite que um pensamento seja transmitido praticamente para todo o planeta em menos de um segundo, tornando todos os povos do planeta em uma só nação – a raça humana.
Porem, essa mesma tecnologia permite que cada indivíduo, em nome da liberdade de expressão, possa expressar a sua interpretação do mundo à sua maneira, em detrimento da interpretação desse mesmo mundo, da maneira que o seu próximo o enxerga, procurando forçar um ao outro aceitar a sua maneira de enxergar o mundo como a interpretação única e verdadeira.
E é por essa razão que, vendo redes sociais que foram criadas para aproximar as pessoas sendo utilizadas como palco de embates, com pessoas se digladiando, defendo cada uma a sua posição como se fosse a única verdadeira, defendendo a sua liberdade de expressão tirando essa mesma liberdade do outro, que veio a minha mente a lembrança de um filme lançado em 1985, que trazia uma mensagem de tolerância e respeito, como a única forma possível de sobrevivência.
Inimigo meu, é o título do filme. O filme Inimigo meu mostra dois soldados inimigos em uma guerra futurística espacial entre a Terra e o planeta Dracon, que acabam em uma situação inusitada: os dois têm as suas naves abatidas e vão parar num planeta completamente inóspito, repleto de ameaças mortais. No local desolado e perigoso, eles vão ter que deixar o ódio que têm um pelo outro de lado, para lutarem juntos, contra as forças da natureza, como a única possibilidade de sobreviverem.
Esse filme é um clássico de ficção científica. O filme fala sobre como lidar com o diferente, fala sobre como lidar com o estranho, fala sobre como lidar com o desconhecido.
E claro, a relação entre eles sempre pautada pelo confronto e pelo desentendimento.
O foco aqui não é abordar a aventura do filme, mas o relacionamento conturbado entre dois seres tão diferentes, em todos os sentidos, que são forçados a conviver no mesmo espaço.
Ao longo da convivência entre eles, o terráqueo descobre que o alien, com aparência de um lagarto, na essência não era tão diferente dele. Que na verdade era até brincalhão, espirituoso e com fortes valores familiares.
A medida que aprenderam a se comunicar, vão descobrindo que ensinamentos das suas culturas e das suas crenças, mesmo sendo tão distantes e tão diferentes, trazem lições que na sua essência são semelhantes. Principalmente no quesito respeito e amor ao próximo, como uma necessidade para a construção de uma cultura de paz.
O respeito e amor ao próximo pode ser traduzido na palavra empatia, quando se aprende a compreender o outro em todos os seus aspectos.
E isso acontece no filme, quando após o alien ter um filho, fruto de uma gravidez assexuada, próprio da sua espécie, ele morre do parto. O terráqueo adota o pequeno alien e cuida dele como se fosse seu próprio filho.
Depois de anos, e tendo terminado a guerra entre os dois planetas, o terráqueo é resgatado pelos seus companheiros. Após ser resgatado do planeta aonde estava isolado, ele vai ao planeta alienígena e apresenta o pequeno alien ao seu povo, conforme os costumes e a cultura do seu antigo inimigo.
A mensagem principal do filme é que, eles só conseguiram sobreviver porque apesar de serem tão diferentes, aprenderam a se respeitar mutuamente; aprenderam a respeitar os costumes um do outro, aprenderam a respeitar as crenças um do outro; aprenderam a respeitar a cultura um do outro; e principalmente, construíram uma convivência de tolerância.
Inimigo meu, um filme que vale a pena ser visto. Uma história de tolerância, respeito e amor ao próximo, que vale a pena ser refletida.
Gilson Tavares
Psicanalista Clínico e Organizacional
Administrador, Especialista em gestão de pessoas
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