Civilidade Cidadania e Política

 

A vida é feita de altos e baixos. A vida é feita de perdas e ganhos. A vida é feita de vitórias e derrotas. A vida é feita de constantes desafios, aonde nem sempre saímos vitoriosos deles.

Exatamente por isso, a vida também é feita de aprendizado. A vida é feita de recomeços. A vida é feita de construção de novas estratégias. A vida é feita de mudança de planos. A vida é feita de renascimento para o novo. A vida é feita de abertura mental para a construção de novas formas de enxergar o mundo, novas formas de enxergar a si mesmo, novas formas de agir no mundo.

Porém, alguns conceitos deveriam está sempre presente na nossa vida. Alguns conceitos deveriam está sempre presente na nossa atuação no mundo, independente de qual seja a situação. Alguns conceitos deveriam está sempre presente na nossa vida, independente de qual seja os resultados que tenhamos obtido nas expectativas que tenhamos buscado e esperado.

Entre esses conceitos, em hipótese alguma, sob nenhum pretexto ou argumento, alguns não podem ser desprezados. Entre eles, obrigatoriamente devem está presente nas nossas escolhas e nas nossas ações o conceito de ética, o conceito de honestidade, o conceito de respeito ao outro, o conceito de empatia, o conceito de civilidade.

Como vivemos em sociedade, o conceito de civilidade deveria ser algo lembrado e valorizado por todos e em todas as situações.

O conceito de civilidade pode ser bastante amplo. Mas alguns comportamentos poder indicar características do que pode ser visto como conceito de civilidade.

Entre os comportamentos relacionados ao conceito de civilidade podemos destacar a gentileza na forma de lidar com as outras pessoas, nas mais diversas situações do nosso dia-a-dia. No trânsito, nas ruas, nas filas de supermercado, nos espaços públicos.

Como civilidade podemos destacar também a empatia para com o outro. Empatia no sentido de procurar compreender as dores do outro. Empatia no sentido de procurar compreender as limitações do outro. Empatia no sentido de procurar compreender as dificuldades e desafios enfrentados pelo outro.

Como civilidade podemos destacar também o respeito em relação ao outro. Respeito para com o outro em relação as suas escolhas de vida, respeito para com o outro em relação a sua forma de ser e de existir, respeito para com o outro em relação às suas crenças, religiosas ou não, respeito para com o outro em relação às suas escolhas políticas.

Como civilidade podemos destacar também o respeito em relação às normas de convivência criadas pela coletividade para permitir a convivência pacífica entre as pessoas na coletividade.

Como civilidade podemos destacar também o respeito às escolhas feitas pela coletividade.

Como civilidade podemos destacar também o respeito em relação a tudo o que for considerado um bem de todos, em relação a tudo o que for considerado um bem público - que seja um espaço público, que seja um patrimônio público.  

Como civilidade, podemos destacar também o exercício da política. A política vista como a arte do viver em comunidade com equilíbrio, respeito e harmonia. Como também a política partidária, tendo como princípio a escolha de membros da sociedade para que representem essa sociedade nas mais diversas necessidades, para conduzir os destinos da sociedade, para que exerça o papel de executor de ações que se traduzam em benefícios para a sociedade.

Como civilidade podemos destacar também o conceito de cidadania e o conceito de política.

Cidadania que não tem nada a ver com o desrespeito em relação as leis e aos regulamentos.

Cidadania e política, que não têm nada a ver com campanhas alicerçadas em mentiras e em truculência.

Cidadania e política, que não têm nada a ver com apologia a violência.

Cidadania e política, que não têm nada a ver com apologia a ignorância, a grosseria e a falta de educação.

Cidadania e política, que não têm nada a ver com apologia ao golpismo.

Cidadania e política, que não têm nada a ver com apologia a estupidez.

Cidadania e política, que não têm nada a ver com atitudes golpistas.

Cidadania e política, que não têm nada a ver com depredação de patrimônio público.

Cidadania e política, que não têm nada a ver com tentativa de destruição das instituições do país.

Cidadania e política, que não têm nada a ver com o desrespeito em relação às escolhas da maioria dos membros da sociedade.

Civilidade, cidadania e política.

Conceitos tão deturpados nos últimos tempos.

Civilidade, cidadania e política.

Conceitos que devem ser resgatados com o esforço de todos.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Ideologia Fanatismo e rompimento com a realidade

 

Se tem um termo que esteve e ainda está na boca de todos. Um termo que está presente na mídia. Um termo que está presente nos noticiários. Um termo que está sempre associado à comportamentos de grupos. Um termo que está sempre presente nas movimentações da massa, esse termo é Ideologia.

Ideologia passou a ser um termo do cotidiano. Mas, o que é mesmo ideologia? O que o termo ideologia tem a ver com os comportamentos das massas?

Etimologicamente falando, ou seja, buscando o significado da palavra, não fica difícil perceber que o termo ideologia vem da palavra Ideia. Então, já podemos supor que o termo ideologia tem relação direta com a formulação, com a vivência e com a divulgação de ideias.

Na visão clássica do termo, ideologia tem o significado de uma ciência capaz de organizar metodicamente e de estudar o conjunto de ideias que formam a intelectualidade humana.

Na visão crítica do termo, a ideologia é uma ilusão, criada por uma classe para manter a aparente legitimidade de um sistema de dominação sobre outras classes.

Buscando compreender uma ideologia e o que essa ideologia representa, o que essa ideologia defende, é importante saber que Ideologia é um conjunto de ideias, um conjunto de convicções, um conjunto de princípios filosóficos, um conjunto de princípios sociais, um conjunto de princípios políticos, que caracterizam o pensamento de um indivíduo, que caracterizam o pensamento de um grupo, que caracterizam o pensamento de um movimento, que caracterizam o pensamento de uma época, que caracterizam o pensamento de uma  sociedade.

Uma ideologia estabelece valores e preferências de um grupo e formula um programa de ação para a execução dos objetivos definidos por esse grupo.

Por intermédio da ideologia, grupos dominantes legitimam as condições sociais de exploração e de dominação, fazendo com que essas condições de exploração e de dominação pareçam verdadeiras e justas.

A ideologia consiste precisamente na transformação das ideias da classe dominante em ideias dominantes para a sociedade como um todo, de modo que a classe que domina no plano material, a classe que domina no plano econômico, a classe que domina no plano social, a classe que domina no plano político, também domine no plano espiritual, também domine no plano das ideias.

Através do uso da ideologia, a dominação de uma classe sobre as outras faz com que só sejam consideradas válidas, só sejam consideradas verdadeiras, só sejam consideradas racionais, as ideias da classe dominante.

Uma ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de ideias e valores, de normas e regras, principalmente regras de conduta, regras que indicam e que prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar, regras que indicam e que prescrevem aos membros da sociedade e como devem pensar, regras que indicam e que prescrevem aos membros da sociedade o que devem valorizar, regras que indicam e que prescrevem aos membros da sociedade o que devem desprezar, regras que indicam e que prescrevem aos membros da sociedade o que devem sentir, regras que indicam e que prescrevem aos membros da sociedade como devem sentir, regras que indicam e que prescrevem aos membros da sociedade o que devem fazer, regras que indicam e que prescrevem aos membros da sociedade como devem fazer.

Martin-Baró, espanhol, autor de vários trabalhos com estudos sobre a psicologia social, afirma que, as pessoas interiorizam regras e normas sociais que respondem aos interesses da classe dominante, que essas regras e normas se impõem como uma estrutura não consciente e que essas regras e normas guiam o processo de alienação e de desumanização das pessoas.

Segundo esse autor e pesquisador da psicologia social, a alienação acontece como o estado em que uma classe social expressa e defende os interesses da classe dominante em detrimento dos seus próprios interesses.

De acordo com esse pensamento, a ideologia distorce a realidade, na medida em que esconde os verdadeiros interesses da classe dominante, esconde as distinçoes existentes entre as classes dominantes e as classes servidoras, fazendo parecer que os interesses são comuns, como se todas as pessoas compartilhassem das mesmas crenças e dos mesmos interesses.

O problema das ideologias está exatamente aí. No poder das ideologias de distorcer a realidade. No poder das ideologias de fomentar o fanatismo. No poder das ideologias de plantar realidades paralelas. No poder das ideologias na prática da manipulação das massas.

Ideologia, alienação, fanatismo, manipulação, rompimento com a realidade, tudo isso vira ferramenta nas mãos de grupos inescrupulosos, que não têm o menor remorso em usar pessoas para atingirem os seus objetivos.

E claro, as ideologias, com o poder de alienação e com o poder de manipulação, torna-se a ferramenta perfeita para induzir as massas à seguirem cegamente as ordens das classes dominantes e de grupos manipuladores, que, geralmente, cria mecanismos que levam as pessoas à acreditarem sem questionamento nas verdades fabricadas por esses grupos inescrupulosos e muitas vezes criminosos.

A utilização de ideologias como ferramenta de manipulação é um meio eficiente para formar verdadeiros exércitos de seguidores e para implantar ideais totalitários, ideais fundamentalistas, ideais extremistas, ideais fascistas.

Essa é e sempre foi a fórmula usada em todas as épocas e em todos os lugares sempre que alguém ou algum grupo fez ou tentou fazer algum movimento social com o objetivo de tomar o poder ou de implantar algum regime totalitário e fascista.

Exatamente por essa razão que ideologias fundamentalistas sempre têm alguma relação com fanatismos, alguma relação com manipulação de massas, alguma relação com o rompimento com a realidade. Isso para que, ideologias descompromissadas com a realidade consigam conduzir seus seguidores de acordo com as realidades paralelas produzidas e construídas para atingir objetivos sempre obscuros.

Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional

Pequena reflexão sobre a Mente Grupal e os comportamentos extremistas – Parte II

 

Vamos dar continuidade ao tema Mente Grupal e os comportamentos extremistas, iniciado na crônica anterior. Tema bastante oportuno para os tempos que estamos vivenciando hoje no Brasil.

Para embasar a nossa fala, vamos fazer uso dos estudos comportamentais de Gustave Le Bom, psicólogo social francês do século 19, considerado o pai dos estudos sobre a psicologia das multidões.

A abordagem e a reflexão sobre esse tema, é importante para que cada pessoa possa olhar para si mesmo, e verificar, caso faça parte de algum grupo, seja qual for a finalidade do grupo, como está sendo a sua atuação, enquanto indivíduo e enquanto membro do grupo. E principalmente, essa reflexão é importante e necessária, para que cada um possa refletir sobre como está sendo influenciado pela mente coletiva do grupo e refletir sobre o que deve fazer para manter a sua própria personalidade, para manter os seus próprios valores pessoais.

A abordagem desse tema é importante para que cada um possa olhar para si mesmo e verificar, caso faça parte de algum grupo, seja qual for a finalidade do grupo que você faça parte, que seja de forma presencial ou online, que você possa analisar como está sendo a sua atuação, enquanto indivíduo e enquanto membro de um grupo. E principalmente, para que você possa refletir sobre como está sendo influenciado pela mente coletiva criada no grupo e possa refletir sobre o que pode e deve fazer para manter a sua própria personalidade, os seus próprios princípios e valores pessoais, e não se deixe manipular, não virar massa de manobra.

O pensador russo Vygotsy, no início do século 20, dizia que, todo ser humano se constitui um SER pelas relações que estabelece com os outros seres humanos.

Ou seja, precisamos do outro, precisamos da relação com o outro para sermos humanos. E por esse precisar da relação com o outro para se constituir um SER, buscamos outros que pensem como nós, buscamos outros que tenham as mesmas afinidades que nós, buscamos outros que tenham a mesma visão de mundo que nós, e formamos grupos.

Assim nascem as associações, assim nascem os grupos de serviços, assim nascem as igrejas, assim nascem os clubes, assim nascem os partidos políticos, assim nascem as correntes de pensamentos.

Assim nascem também as seitas. Assim nascem também as conspirações. Assim nascem também as correntes ideológicas.

Os seres humanos, aliais, como quase todos os outros seres vivos que existem no planeta, os seres humanos, desde os seus primórdios, quando ainda viviam coletando frutas, caçando, fugindo de predadores, os seres humanos sempre buscaram e buscam viver em grupos.

Por várias razões. Inclusive porque em grupos, torna-se mais fácil a sobrevivência. Por questões de em grupo ser mais fácil para prover a sobrevivência e ser mais seguro para enfrentar as adversidades e para enfrentar os inimigos.

Assim nasceram as tribos. Assim nasceram as vilas. Assim nasceram as cidades. Assim nasceram as nações.

Além da necessidade da formação de grupos para caçar, para se proteger de predadores, para enfrentar grupos rivais e para se proteger de ameaças diversas, os seres humanos também sempre sentiram a necessidade de formar grupos por afinidades ou por interesses em comum.

Um grupo organizado de pessoas tem muito mais força para defender uma ideia ou uma causa, do que um indivíduo ou do que indivíduos isolados.

E isso é a essência da formação da mente grupal. Quando uma quantidade de pessoas se unem em torno de uma necessidade, em torno de uma ideia, em torno de uma causa, e assim, nasce uma espécie de inconsciente coletivo, que passa a, de forma subjetiva, ou seja, como se fosse criado leis não escritas, mas que precisam ser seguidas, e essas leis passam a direcionar as ações dos indivíduo no grupo, e muitas vezes, essas leis não escritas passam a direcionar as ações dos indivíduos até mesmo fora do grupo e até pode direcionar os seus pensamentos.

E é essa a razão que explica o fato de que, muitas pessoas, ao fazer parte de algum grupo, seja qual for a finalidade desse grupo, a pessoa passa como que a viver em função do grupo, dos interesses do grupo, dos ideais pregados pelo grupo. Principalmente quando os ideais do grupo estão de acordo com os seus próprios ideais.

E é por essa razão que, um indivíduo, quando em grupo, geralmente despreza o senso crítico, não leva em consideração se uma ideia, um pensamento, um ideal ou uma palavra, realmente trata-se de algo verdadeiro ou não. O mais importante é que essa ideia, esse pensamento, esse ideal ou essa palavra esteja de acordo com os ideais e os interesses do grupo.

Le Bon diz também que, sempre que um número de pessoas se unem e formam um grupo, em função de alguma afinidade em comum , ou sempre que uma pessoa se une à um grupo já existente, geralmente, institivamente, o grupo como entidade e cada um dos indivíduos se colocam sob a influência de um líder, ou de um chefe, que vai ditar, de forma direta ou de forma subjetiva, a atuação do grupo e dos indivíduos que formam o grupo.

Ainda segundo Le Bon, quanto maior for a relação entre os ideais e os interesses do líder e os ideais e os interesses do grupo, maior também é a admiração dos indivíduos do grupo em relação ao líder e maior também é a chance de que o líder seja seguido cegamente por seus liderados, de forma totalmente obediente e sem questionamento algum.

Muitas vezes, até deixando totalmente de lado o senso crítico, o bom senso e o raciocínio logico.

Isso é o que caracteriza o que na sociologia e na psicologia é chamado de mente grupal. Quando o indivíduo perde, de certa forma, a capacidade de avaliar as suas ações, e passa a ser guiado pelo inconsciente coletivo criado em algum grupo que faça parte.

Isso também explica porque um indivíduo que de forma isolada é uma pessoa pacata e equilibrada, quando em grupo, pode ser capaz de atos extremistas e até ser capaz de atos de violência.

Precisamos estar sempre vigilantes em relação aos grupos que por ventura façamos parte.

Precisamos estar sempre vigilantes em relação à nossa saúde mental e emocional, para que não sejamos envolvidos em alguma corrente de pensamento que ameace o nosso equilíbrio.

Precisamos está sempre vigilantes ara que não sejamos envolvidos em alguma corrente de pensamento que ameace a nossa saúde mental e emocional.

sou Gilson Tavares

Psicanalista Clínico e Organizacional